domingo, 24 de agosto de 2008

E DESTA, QUASE MORRI...

Aqui há uns tempos, fui encontrar no meu quintal, que não é mais do que um corredor cimentado de 2 metros de largo e uns 10 de comprimento, com muros com mais de 2 metros de altura, uma gata siamesa que para lá tinha saltado, ainda nem sei como... para ir ter 5 lindos gatinhos, mas ao tentar fazer-lhes festas, eles protestaram, mostrando os seus aguçados dentes...e soprando...

Isto é que está aqui um imbróglio, porque eu teria de os alimentar, quando a sua mãe já não os pudesse alimentar de leite ou eles tivessem idade para saltar bem alto.
Para eu dizer com franqueza, eu nunca entendi de gatos, nem muito menos de bravios...mas estava-me a fazer confusão o ter de lhes dar de comer todos os dias e, sei lá o quê....
Como não encontrei ninguém interessado neles, e até uns me diziam que os matasse, mas isso é que eu nunca faria... matar, só formigas, moscas, baratas e mosquitos...

Por outro lado, se os deixava entrar em casa, bem que os poderia andar a correr com uma vassoura, por baixo de todos os móveis, o que para os meus 81 anos, já não é nada fácil...
Ainda por cima, andei uns dias à procura de mau cheiro que tinha em casa e só depois de me deitar ao comprido no chão, junto duma cama de casal disponível, é que verifiquei que a malvada gata, lá tinha deixado aquele "presente" tão mal-cheiroso e havia que o retirar rapidamente.

Com a ajuda duma pá de lixo, e voltando a deitar-me totalmente no chão e até por baixo da cama, é que lá consegui chegar, mas só depois de lavar com água perfumada, é que o mau cheiro acabou.

Mas a certa altura, tive mesmo que ir ao quintal para fazer umas medidas duma antena e não queria deixar a porta metálica, de alumínio, e de esquinas muito vivas, aberta, pois era certo e sabido que a gata entraria...

Assim, deixei só uma nesga aberta, para poder meter um cotovelo, ao entrar, mas logo por azar, quando ia a entrar, tropecei no degrau e, como trazia as duas mãos ocupadas, lá vou eu disparado à esquina viva da porta, fazendo um grande golpe onde a testa acaba e começa o cabelo, que começou, de imediato a jorrar uma data de sangue pela cara abaixo.
Apavorado, vi logo que aquele golpe de 4 centímetros estava furioso de hemorragia e havia que travá-la, o mais depressa possível, pois a jorrar sangue daquela maneira, eu nem podia ir buscar ajuda a lado algum até porque era Domingo e até os vizinhos haviam saído.
Estava mesmo sozinho !
Mas o pior é que aquilo era sangue demais para estancar e conforme é meu costume, na casa de banho, tenho sempre tudo o que é necessário, como tinturas, gaze, algodão, pensos, água oxigenada e até tesoura.
Mas eu estava a sentir-me desmaiar e já sabia que se isso me acontecesse, estaria mesmo perdido, pois não tinha ninguém por perto para me ajudar, mas lá ganhei coragem e pensei com toda a força, que não me podia deixar abandonar àquela hemorragia, pelo que segurei uma compressa sobre a ferida e tentei acalmar-me, o que ainda levou algum tempo, mas acalmei.
Assim, e vendo que havia muito cabelo sobre a ferida, agarrei a tesoura e vai de cortar todos aqueles cabelos empapados de sangue e que estavam a deixar escorrer aquela tinta tão vermelha, pelos olhos, nariz e boca, escorrendo para o lavatório.

Com uma compressa de gaze lá fui lavando com água da torneira, tudo aquilo, e tentando não deixar nem um cabelo sobre a ferida e como queria colocar tintura, necessitava das duas mãos disponíveis, mas isso me obrigaria a ter de largar o penso.
Como sempre tenho à mão, uma tintura em SPRAY, a Collu Hextril, que uso há anos, para todas as feridas, ou irritação de pele, agarrei nela e esguichei para cima da ferida, enquanto a hemorragia foi parando, até que estancou e até o couro cabeludo secou. Até parecia magia !
Estava salva a situação !
Com outra gaze lavei toda aquela zona e como só tinha à mão uns pensos adesivos pequenos, pois foi mesmo com eles que tapei a ferida e assim ficou durante quatro dias.
No quinto dia, com muito cuidado, fui levantando os adesivos que já se mostravam a descolar, e para minha alegria, a ferida estava de óptimo aspecto.
Agora iria ficar mais uns dias ao ar, antes de poder tomar um banho e assim aconteceu.
E não levou pontos nem agrafes... nem mudanças de pensos, e estava feliz, mas a perda de sangue é que me deixou mesmo abalado, pelo que só depois de umas semanas, é que comecei a poder fazer qualquer coisa de normal, embora muito cansado.

Isto de chegar a esta idade, tem destes problemas, porque uma pessoa já não anda... mas vai arrastando os pés, que teimam em tropeçar em tudo... nem que seja um tapete, ou até um pé, no outro !!
É bonito chegar a esta idade, mas há que deixar SEMPRE, uma mão disponível...

2 comentários:

Anónimo disse...

:))))))))))
A sorte, no meio de todo este azar, é o Mário ser uma pessoa que consegue parar e pensar em como agir em vez de se entregar ao pânico, o que iria impossibilitar este final feliz.
Acompanhei este acidente através dos mails que trocámos na altura e para ser sincera, estava um pouco apreensiva com o resultado final. Felizmente que tudo terminou bem
E os gatinhos? Ainda estão por aí?
Beijinhos

Escrito por: Ana Ramon em 2008/09/17 - 09:10:32

Anónimo disse...

Encontrei por acaso este blog que adorei ler, vou continuar a ser visita assídua. Felicidades e força para nos continuar a encantar com a sua escrita
Joana

Escrito por: Anónimo em 2008/09/18 - 13:09:19