segunda-feira, 15 de março de 2010

...E O MEU FIM PARECIA À VISTA


Aqui há uns tempos, a minha grande e simpática amiga da NET, Ana Ramon, que é muito brincalhona, ao ver-me tão cheio de maleitas estranhas, enviou-me esta imagem a que achei muita graça!


Eu sinto-me mais ou menos como este galo, meio depenado mas altivamente de pé, embora no meu caso quase só
com a cabeça a funcionar.

O meu corpo está praticamente destruído, esfrangalhado, como se atacado por uma matilha de cães que me tivesse arrancado as minhas coloridas penas!

Como terei aguentado tantas ataques na vida e ainda conseguir manter a cabeça direita, além deste meu olhar brilhante?

Há poucos meses, apanhei uma constipação tremenda e o médico receitou-me um antibiótico de Amoxicilina+Ácido Clavulânico, que, pelos vistos, reagiu muito mal com a vacina Pulmonar-OM que eu tinha tomado em Setembro, uns meses antes.

Deste encontro da vacina com antibiótico, resultou uma tal perda de forças que me dava a impressão de que o ar que respirava não tinha o oxigénio necessário.


Nem de pé me conseguia manter mais que uns segundos: ou me sentava ou caía no chão!

Seria que me estava a reaparecer a tuberculose dos meus dezassete anos, em que o meu médico me dava uns seis meses de vida, quanto muito?

Seria que tinha chegado a altura preconizada há quarenta anos, de que eu não teria mais que seis meses de vida por ter as glândulas supra-renais destruídas?

Seria o regresso da hipoglicémia que há trinta e cinco anos me deixou de pele e osso em poucos dias?

Seria agora que o meu coração com as suas falhas e extra-sístoles, iria parar de vez ?

Seria tudo junto a dar origem a esta falta enorme de força que nem me aguentei de pé para tirar uma radiografia ao tórax?

Nunca me havia acontecido uma coisa destas e estive seis horas a ser observado no hospital, ligado a uma máquina de oxigénio, sem que os médicos encontrassem uma explicação plausível, pois todas as análises estavam com os valores correctos.

O médico aconselhou-me a aspirar profundamente Spiriva, todos os dias e até ao resto da minha vida, pensando talvez que eu não duraria mais de um mês.

Mas mesmo perante tão mau prognóstico clínico, eu só pensava em descobrir um método alternativo que, mesmo já "sem penas bonitas no corpo" ainda conseguisse aguentar-me vivo, eu que tanto amo a vida, por mais algum tempo!!

Depois de não ver qualquer efeito com a inspiração diária do Spiriva, lembrei-me então que tinha o meu aparelho de ondas curtas, o mesmo que tinha salvo aquela criança que descrevi na minha crónica "E a criança mal podia respirar".

Comecei a auscultar-me e ao ouvir o som dos meus pulmões, notei bem o quanto eles estavam a necessitar da ajuda das ondas de rádio.

Afinal, eu até tinha tido sucesso das outras vezes e mais recentemente numa dor quase constante no maxilar que me apanhava todo o lado esquerdo até ao ouvido e que consegui que desaparecesse de um dia para o outro…

Comecei a aplicar as ondas curtas e logo comecei a sentir melhoras, embora o caminhar é que estivesse mais difícil de recuperar... arrastava os pés, tropeçava em tudo e notava que as pessoas me olhavam entristecidas, certamente a pensar: Desta vez é que o Mário não se aguenta!

Mas felizmente todos se enganaram mais uma vez.

Muito lentamente comecei a melhorar e até a conseguir erguer pesos com mais de vinte e trinta quilos!

Mais tarde tive consulta no cardiologista que se admirou do coração ter um batimento calmo e regular, conseguindo dormir oito horas seguidas.

O médico esteve a ver as análises e exames que levei, um deles até com a informação de aneurisma aórtico intestinal, depois olhou para mim, com certo ar de gozo e disse:

- Vou marcar novo exame para daqui a 3 meses! Mantenha o Fositen para a tensão arterial, Aspirina 100mg, Mylan e o Diazepam para um sono tranquilo.!

E cá estou eu novamente no meu querido blog, na companhia de tantos e tantos amigos que consegui conservar desde há muitos anos, a saborear os tão amáveis comentários que sempre me vão enviando, até porque toda a gente gosta de receber carinho, seja rico ou pobre, novo ou velho, mesmo que o tempo passado o faça parecer um "galo depenado".