Do nosso colaborador João Vitalino Martinho, segue-se mais um dos seus interessantes artigos, desta vez destinado à cidade de SANTARÉM, onde reside há mais de 50 anos, artigo este escrito propositadamente para orientar os visitantes a esta mui nobre e antiga cidade.
O Editor
No planalto estrelado de sete pontas… na cidade das 8 portas…na capital do gótico….na Xantarim dos mouros….na Praesidium Julium dos romanos…. Na cantada Escalabicastro de Camões…na do Santíssimo Milagre….na de Santa Iria…na terra de Pedro Escuro…na tumular de Pedro Álvares Cabral…na cobiçada de sarracenos e cristãos…na velha e altaneira acrópole que domina o ubérrimo e milenário Vale do Tejo.
Deambulemos pelo Passeio da Rainha inaugurado em 15 de Setembro de 1878, agora Jardim da República por imperativo de mutações políticas, ali junto à que, em tempos, se chamou Porta de Leiria e situemo-nos junto à estátua de D.Fernando para vermos a fachada da Escola Prática de Cavalaria donde partiram os militares do 25 de Abril.
Fixemo-nos agora na Câmara Municipal instalada no palácio do Provedor das Lezírias, residência disputada nas lutas fratricidas de D. Pedro e D. Miguel. Visitemos o mercado com os seus belos painéis de azulejos retratando os mais puros motivos regionais e vamos ao Convento de S.Francisco, começado a edificar no princípio do século XIII, a que Garrett chamou a “bela ruína” e onde, reza a tradição, esteve guardado um espinho da coroa de Cristo e um pedaço da pele de S.Jorge.
Passemos ao Terreiro do Paço agora chamado Praça Sá da Bandeira com estátua erguida a um dos mais notáveis santarenos que foi ferido quatro vezes em combate e perdeu um braço em defesa da Pátria. No epitáfio que deixou escrito para a posteridade e que se pode ver no Cemitério dos Capuchos, declarou por expressa vontade:
“ Morro contente . A Pátria nada me deve “.
Admiremos a majestosa fachada da igreja do Seminário Patriarcal, belo exemplar do estilo filipino com Santo
Inácio de Loiola, S. Francisco Xavier, S. Francisco de Borja e S. Etanislau a vigiar os alpendres por onde entraram gerações de estudantes, quer no liceu quer no seminário . A janela manuelina que aparece, envergonhada, na frontaria duma casa do terreiro, diz a tradição, serviu de moldura à figura desvairada de D.Pedro que dali comandou a execução dos assassinos de Inês de Castro.
Caminhando pela rua Serpa Pinto e Capelo Ivens passamos no largo Padre Chiquito onde os operários da cidade deixavam braçados de flores, no 1º de Maio, exprimindo saudade e reconhecimento ao grande humanista. Agora, por terrenos da judiaria e da mouraria, damos connosco na Praça Visconde Serra do Pilar onde , antigamente, se faziam justas, torneios e até corridas de toiros.
Salta à vista a igreja de Marvila com um portal de bela arquitectura manuelina e cuja fundação remonta aos primórdios da nacionalidade. Surge agora no nosso percurso a Igreja da Graça que pertenceu ao Mosteiro dos Ermitas Calçados de Santo Agostinho e que é a mais delicada jóia da arquitectura gótica de Santarém em cujo interior repousam as cinzas do grande descobridor do Brasil. Em campa rasa pode ler-se “ aqui jaz Pedralvarez Cabral e dona Isabel de Castro sua molher”…..
A caminho da alcáçova que foi real colegiada de D.Afonso Henriques depara-se-nos o Cabaceiro, velha torre construída no tempo de D.Manuel I, para relógio e sino de correr. Em paralelo, o edifício de S.João do Alporão de feição românica, a servir de museu arqueológico, onde se guardam peças únicas de grande valor colhidas na região.
Mais uns minutos e encontramo-nos a percorrer a Avenida 5 de Outubro, um túnel florido, na primavera, com o róseo das olaias.. Estamos no coração da alcáçova com o espírito a viajar no tempo até à data de 15 de Março de 1147, relembrando mais uma vez a arrancada de D. Afonso Henriques e dos seus homens naquela madrugada.
Entremos no jardim onde se localizam as portas do sol e, chegados à muralha, se o tempo ajudar, estaremos perante um dos mais belos quadros que a natureza oferece aos olhos sequiosos de vastidão e beleza.
O Tejo, e a lezíria a perder de vista, despertam emoções novas a mexer com o mais recôndito da sensibilidade, abrindo novos capítulos de espanto e admiração…..
Deambulemos pelo Passeio da Rainha inaugurado em 15 de Setembro de 1878, agora Jardim da República por imperativo de mutações políticas, ali junto à que, em tempos, se chamou Porta de Leiria e situemo-nos junto à estátua de D.Fernando para vermos a fachada da Escola Prática de Cavalaria donde partiram os militares do 25 de Abril.
Fixemo-nos agora na Câmara Municipal instalada no palácio do Provedor das Lezírias, residência disputada nas lutas fratricidas de D. Pedro e D. Miguel. Visitemos o mercado com os seus belos painéis de azulejos retratando os mais puros motivos regionais e vamos ao Convento de S.Francisco, começado a edificar no princípio do século XIII, a que Garrett chamou a “bela ruína” e onde, reza a tradição, esteve guardado um espinho da coroa de Cristo e um pedaço da pele de S.Jorge.
Passemos ao Terreiro do Paço agora chamado Praça Sá da Bandeira com estátua erguida a um dos mais notáveis santarenos que foi ferido quatro vezes em combate e perdeu um braço em defesa da Pátria. No epitáfio que deixou escrito para a posteridade e que se pode ver no Cemitério dos Capuchos, declarou por expressa vontade:
“ Morro contente . A Pátria nada me deve “.
Admiremos a majestosa fachada da igreja do Seminário Patriarcal, belo exemplar do estilo filipino com Santo
Inácio de Loiola, S. Francisco Xavier, S. Francisco de Borja e S. Etanislau a vigiar os alpendres por onde entraram gerações de estudantes, quer no liceu quer no seminário . A janela manuelina que aparece, envergonhada, na frontaria duma casa do terreiro, diz a tradição, serviu de moldura à figura desvairada de D.Pedro que dali comandou a execução dos assassinos de Inês de Castro.
Caminhando pela rua Serpa Pinto e Capelo Ivens passamos no largo Padre Chiquito onde os operários da cidade deixavam braçados de flores, no 1º de Maio, exprimindo saudade e reconhecimento ao grande humanista. Agora, por terrenos da judiaria e da mouraria, damos connosco na Praça Visconde Serra do Pilar onde , antigamente, se faziam justas, torneios e até corridas de toiros.
Salta à vista a igreja de Marvila com um portal de bela arquitectura manuelina e cuja fundação remonta aos primórdios da nacionalidade. Surge agora no nosso percurso a Igreja da Graça que pertenceu ao Mosteiro dos Ermitas Calçados de Santo Agostinho e que é a mais delicada jóia da arquitectura gótica de Santarém em cujo interior repousam as cinzas do grande descobridor do Brasil. Em campa rasa pode ler-se “ aqui jaz Pedralvarez Cabral e dona Isabel de Castro sua molher”…..
A caminho da alcáçova que foi real colegiada de D.Afonso Henriques depara-se-nos o Cabaceiro, velha torre construída no tempo de D.Manuel I, para relógio e sino de correr. Em paralelo, o edifício de S.João do Alporão de feição românica, a servir de museu arqueológico, onde se guardam peças únicas de grande valor colhidas na região.
Mais uns minutos e encontramo-nos a percorrer a Avenida 5 de Outubro, um túnel florido, na primavera, com o róseo das olaias.. Estamos no coração da alcáçova com o espírito a viajar no tempo até à data de 15 de Março de 1147, relembrando mais uma vez a arrancada de D. Afonso Henriques e dos seus homens naquela madrugada.
Entremos no jardim onde se localizam as portas do sol e, chegados à muralha, se o tempo ajudar, estaremos perante um dos mais belos quadros que a natureza oferece aos olhos sequiosos de vastidão e beleza.
O Tejo, e a lezíria a perder de vista, despertam emoções novas a mexer com o mais recôndito da sensibilidade, abrindo novos capítulos de espanto e admiração…..
Destes baluartes e torres teria o alcaide mouro Abzechri observados cheias que transformam a campina num mar imenso como a de 1979 em que as águas atingiram a altura de 8,89 metros e o caudal subiu a 14 milhões de litros por segundo.
Daqui se avista toda a beleza da natureza ribatejana…
Cá estamos…...
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