sábado, 11 de novembro de 2006

A LAGOA DAS SETE CIDADES e outras

« A LAGOA DAS SETE CIDADES E OUTRAS »

Quem nunca foi visitar as ilhas dos Açores, não pode fazer a mais pequena ideia do que aquilo é !

Verdade seja dita que eu só conheci a ilha de S. Miguel, onde nasci em 1927, mas até para os açorianos, não era fácil nem barato, conhecer a ilha toda, até porque ainda são umas léguas de comprimento !...

Para qualquer continental, aquilo é um bocadinho de terra com água por todos os lados, mas pensando em LÉGUAS... já se pode ter uma ideia da sua dimensão !

« As lagoas verde e azul, das Sete Cidades »

Lá em baixo, uma pequena povoação, com o mesmo nome da sua lagoa, lá vive e reza na sua linda igreja, para que aquele Paraíso seja mantido pela Providência.

Nascida de vários vulcões extintos há imensos anos, é composta de enormes crateras onde as nascentes e as chuvas, formam lindíssimos e enormes lagos, repletos de arvoredo luxuriante por todos os lados, reflectindo nas suas límpidas águas doces, toda a vegetação circundante.

« Um recanto da Lagoa das Furnas »

Sendo um micro-clima, as chuvas são tão abundantes, que não se encontra um metro quadrado de terreno sem planas e todas elas viçosas e regadas constantemente por Deus Nosso Senhor. Ali, e dadas as temperaturas tão amenas, tudo se cria na terra, nem que seja nas valetas, facto que obriga a que os cantoneiros, estejam sempre de enxada na mão a limpá-las... Aquilo chega a ter a sua graça, porque é frequente encontrarmos pés de milho com mais de 2 metros de altura, nas valetas...

É por isso que S.Miguel é conhecida pela "Ilha Verde", onde o pó não existe, por mais vento que se levante...e o gado se cria a pastar com um pé amarrado, para se ir alimentando das ervas frescas e que vai "adubando" enquanto anda em círculos com uns 10 metros de diâmetro. Os pastores só têm de lá ir retirar as estacas, de vez enquando, para o mudar de sítio, retirar o seu magnífico leite, de que produzem os belos queijos açorianos, e , ao chegar da noite, o gado ali fica a dormir ao relento, com o seu pêlo malhado de preto e branco brilhante.

Assim, é frequente vermos diariamente cavalos carregados de dois latões a cada lado e o pastor em cima, viajando pelas estradas cobertas de túneis de árvores, onde o Sol mal consegue penetrar.

O clima é pois propício para o desenvolvimento de plantas como o Chá e os ananases, embora estes sejam criados em estufas, o vinho tinto, a groselha, o araçal, os figos, etc.etc.



Numa piscina das Furnas, a água jorra tão quente e sulfurosa, que imensas pessoas de todo o Mundo, lá vão à procura de cura para as suas doenças de ossos, reumatismos e doenças de pele.

Ali mesmo ao lado, um magnífico hotel está à espera destas pessoas que podem gozar de passeios a pé, a toda a hora, por entre aqueles espectaculares e aromáticos jardins.

« O Hotel Terra Nostra, junto da Lagoa das Furnas »

Nenhuma destas belezas se vê, quando se entra em S. Miguel pelo mar, porque tudo está "escondido" no seu interior, mas felizmente que actualmente, em poucos minutos de viagem, de automóvel, as podemos ver e, normalmente em miradouros habilmente escolhidos onde, num repente, se abrem a nossos pés estas imagens poderosas de encanto e surpresa ! Parece que se abre o Céu na nossa frente, e até parece que nos falta o ar ! Como é possível haver tanta beleza, e aqui a uma hora de avião !

Depois podemos viajar até lá abaixo, a mais de 300 metros de profundidade, para apreciarmos de perto aquelas indiscritíveis maravilhas, num ambiente celestial de silêncio, perfume e limpeza !

Mas a ilha "está viva", "respirando" constantemente pelas suas imensas "narinas", onde se pode ver, ali mesmo a nossos pés, água a ferver e gases, o seu hálito especial, a sair das suas profundidades, nas Fumarolas , e tirando os sapatos, podemos sentir que a terra e as ervas estão mornas ! Por baixo de nós, está a terra a ferver, mas ninguém se assusta... Aquilo é mesmo assim, há centenas de anos, e até achamos graça...

A meio metro de profundidade, estrategicamente enfiados pela terra abaixo, os açorianos enfiaram tubos de cimento, cheios de buracos de lado e por onde jorram os violentos "calores" da terra, como maçaricos, e lá se podem colocar panelas com comida que, passada uma meia hora, se apresenta toda cozida e pronta a comer !

Conta-se por lá, com muito gozo, que um cientista estrangeiro, lá foi visitar essas furnas fumarentas e mal sentiu o calor que brotava da terra a seus pés, e o rugido das "narinas" das entranhas da terra, fugiu assustadíssimo, com todo o seu material científico às costas, garantindo que aquilo estava eminente de explodir...

« As "fumarolas" na Lagoa das Furnas »

Esta tremenda agitação vulcânica, deu origem, há uns anos, ao seu aproveitamento, com uma estação geotérmica construída na freguesia da Ribeira Grande, onde S.Miguel aproveita 30% da sua energia eléctrica, com água captada a cerca de 1000 metros de profundidade, à temperatura de 200ºC.

A Central Geotérmica da Ribeira Grande

Um rico inglês que há imensos anos foi visitar estas "Furnas" ficou de tal forma extasiado e fascinado com o clima que lá encontrou, que mandou vir de imensas partes do Mundo, plantas exóticas que lá plantou e, assim, podemos apreciar as luxuriantes plantas do Japão, Indonésia, Brasil, etc.etc. É tudo do que há de mais belo.

Descrever por palavras, esta ilha tão especial, só por Grandes Escritores.

E eu, relembrando tudo isto, penso ter tido a sorte de ter nascido no Céu !

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