domingo, 24 de fevereiro de 2008

EU SÓ QUERIA SABER A VERDADE !






A TRANSMISSÂO DE PENSAMENTO












Nota: Hoje acordei a pensar no pai da minha amiga Ana Ramon, que já nos confessou ser filha de artistas de circo. Ela já é muito conhecido deste blog de Lima Coelho e é uma pessoa interessantíssima. Eu lhe dedico esta crónica, com imensa amizade."

Estávamos em 1952, com 27 anos, e estava prestes a, finalmente, saber se era realmente verdade ou mentira, a "transmissão de pensamento", coisa que muito me amargurava não entender.
Nenhum dos meus amigos acreditava, mas estávamos em Benavente, para assistir a um espectáculo no enorme cinema do Luiz Lopes, com o ilusionista Max.

Pois se eu até já tinha tido o "desplante" de ir falar pessoalmente com sua Exª. o Consul americano a pedir-lhe emprego na RARET, passar por cima daquelas centenas de pessoas da assistência e ir falar com um "mágico", não me custava mesmo nada.
Era só mais uma das milhares de experiências que vinha fazendo desde garoto.

A sala estava completamente cheia e eu estava ao lado dos meus amigos Murilo Lopes e José Pedrosa, que nunca acreditaram naquilo, quando, antes de começar o espectáculo, eu saí do pé deles, e fui ver o "mágico homem" ao seu camarim, em pessoa.
Ele era "uma torre", com talvez 2 metros de altura...ou pouco menos...
Era agora ou nunca mais...Alguma vez eu iria perder aquela oportunidade ?

Ele estava de costas, ajeitando a sua gravata e impecavelmente brilhante no seu fraque negro.
Lá me enchi de coragem, bati-lhe à porta do camarim e pedi-lhe que gostava de saber realmente, toda a verdade do seu poder, a transmissão de pensamento, o hipnotismo.

Ele, mesmo de costas, me perguntou: Você sofre do coração ?
Eu, naquela altura, estava com certas arritmias, pesava quanto muito 60 Kg., tinha estado 5 anos num sanatório entre a vida e a morte, e um tanto contrafeito ou envergonhado, disse-lhe isso, e ele, muito lentamente, deu meia volta e fitou-me com aquele olhar de vidro, azul transparente, mesmo nos meus olhos, ali a uns 3 metros de mim. Até me pareceu que conseguia ver o seu cérebro, através dos olhos...

Senti de imediato que algo de muito estranho me tinha invadido e até me senti completamente desequilibrado, talvez levitando, quase caindo, quando ele deu meia volta, e logo voltei a mim... tentando encontrar o equilíbrio físico perdido...

Que coisa tão estranha aquela ! Que diabo me teria acontecido ? Que sensação mais estranha eu havia sentido naquele simples olhar ! Como seria aquilo possível? Como seria possível um ser humano, possuir tamanha energia ?

Então ele, com muita calma, na sua voz grave, me disse: "Eu não o vou hipnotizar, mas gostava que colaborasse comigo, quando eu o chamar. Esteja aqui por perto."

Eu estava em brasa, a minutos de saber em que o poderia ajudar e assim, fiquei ali perto do palco, a observar o que ele fazia.
Os meus amigos logo se levantaram , bem como mais uns 5 ou 6, ao ouvirem o convite do Sr. Max, para que subissem ao palco, pondo-os todos em fila.
A maioria deles, até estava um tanto contrafeita e inquieta...talvez envergonhada...

Começou então por uma ponta, em frente a cada um, passando-lhe a mão direita pela frente dos seus olhos e seleccionando aqueles que ele sentia iriam ser facilmente hipnotizados, e logo vi que os meus dois amigos, que estavam mesmo na negativa, foram logo eliminados e voltaram a ir-se assentar na plateia. Como eles, graças a Deus, ainda são vivos, talvez já nem se lembrem destes factos...

Ficaram umas 3 ou 4 pessoas bem conhecidas na terra, rapazes mais ou menos da minha idade, e que fizeram os mais incríveis disparates que se podem imaginar, um a um, como andar de gatas, outros aos gritos a chamar os bombeiros, porque estavam a arder, outros que até ladravam miavam e uivavam, outro se descalçou, perante a grande risada de toda a assistência...
Aquilo era incrível !
Eles NUNCA fariam aqueles disparates, se estivessem no seu juízo perfeito...nem muito menos em público...

Até que finalmente, e sem me olhar directamente, o Sr. Max me entregou uns panos pretos e um pau de giz, dizendo-me para lhe vedar completamente a visão.
Eu tentei ver alguma luz através dos panos, tapando a minha vista, mas eles eram completamente opacos.
Enrolei e amarrei na sua cabeça o primeiro e comprido pano, e depois um maior, só lhe deixando a boca de fora, mas tudo feito pelas suas costas. Era impossível que ele visse alguma coisa através daqueles panos...
Depois disse-me para eu desenhar uma linha no chão, com o giz, e, por malandrice, em vez de uma linha recta, eu fiz uma espécie de grande ponto de interrogação, com mais de um metro.
Depois disse-me para colocar vários objectos que tivesse à mão, em vários pontos do risco, e assim lá coloquei o meu relógio de pulso, um isqueiro, uma caneta, etc.
Eu estava perfeitamente lúcido ao fazer aquele trabalho, até que ele me disse: "Coloque-me no inicio da linha", o que fiz agarrando-o pelos ombros, "e, quando desejar que eu comece, pense somente no que é que eu devo fazer", para seguir o "malvado" risco todo torto e pensar que ele teria de parar, antes de esmigalhar os objectos que eu lá tinha colocado. Mas eu estava plenamente confiante...

A sala estava toda em burburinho, quando ele grita " SILÊNNNNNCIO e acrescentou, Concentre-se ...".
Na realidade, eu estava completamente à vontade, como qualquer outro espectador e nem sabia o que teria de fazer para me concentrar nele, quando ele me volta a gritar: "Conceeeeentre-se..." e aí, eu realmente "tentei desligar-me de tudo o que me rodeava, olhando as costas daquele homenzarrão, e pensei, "Pode arrancar" !
Nesse preciso instante, foi como se eu o tivesse empurrado e ele começou a arrastar os seus enormes pés, enquanto eu parado, ao lado do palco, ia pensando, "mais um pouco à direita", "em frente", " à esquerda" , "pára" , para ele não pisar o meu relógio e pensei: "Tem um relógio a seus pés".
E ele disse em voz bem alta, "Tenho um relógio aos meus pés"...

De imediato, toda a assistência, que já me conhecia e nem me tinha ouvido falar nem mover a boca, entrou num delirante entusiasmo de palmas e gritaria, o que me fez distrair. Ou seja, "eu havia perdido o seu contacto". Aí, com ele à espera dos "meus pensamentos", e depois dum assistente, ter retirado o relógio, eu voltei a fazer um grande esforço para me concentrar e pensei "pode seguir e voltar à direita", o que ele reproduzia na perfeição, mandando-o parar novamente para não pisar um outro objecto, mas embora a assistência recomeçasse novamente em delírio, eu SENTI que o meu cérebro ainda estava ligado ao dele e lá continuei aquela inimaginável surpresa para mim. " Aquilo era positivamente interessante e cientificamente maravilhoso !

Quando ele chegou ao fim da linha, eu "pensei" "chegou ao final da linha" e a ele me dirigi para lhe retirar todos aqueles trapos pretos que lhe tinham estado a tapar a visão, mas eu quase nem me conseguia manter em pé...Estava completamente exausto !
Estava como um saco que devia estar cheio e agora estava todo roto...
Que diabo aquele homem teria roubado de dentro de mim ???

Os meus amigos até me disseram, "oh pá, estás branco como a cal da parede..", e devia estar, pois estava com a sensação desagradável de ter sido esvaziado por completo de qualquer coisa que era muito minha e só minha, sensação que levou uma data de minutos a desaparecer.

Quando me ia a despedir e agradecer a experiência ao Sr. Max, ele, sem me olhar directamente, ainda me disse: "Se o senhor desejar trabalhar comigo, ser-me-ia imensamente útil como médio", mas eu estava bem empregado e nada interessado em ter de ir fazer vida de saltimbanco...

Uma coisa havia acontecido para toda a minha vida: eu tinha ficado a saber que aquele indivíduo ou outro igual, tinha sobre mim um poder imenso e certamente porque a sua transmissão de pensamento não podia ser melhor e, se ele desejasse, eu faria os maiores disparates em público e em qualquer altura... mesmo que me tivesse de despir e rebolar pelo chão... ladrar, miar, uivar, dar saltos, e cambalhotas, etc.
Aquele seu poder era tal, que eu poderia pegar um documento qualquer duma pessoa da assistência, e indicar-lhe, algarismo a algarismo, o seu número, que ele logo responderia.

Nunca havia pensado que fosse possível aquilo acontecer entre duas pessoas, mas finalmente havia entendido que a "transmissão de pensamento", se uma pessoa for suficientemente sensível, é plena verdade.
Este "suficientemente sensível" quero referir-me `"frequência de recepção" em que o nosso cérebro funciona, para poder ser "sincronizado" por estas pessoas.

Aquela "MAGIA" era de tal forma evidente, que me viria a marcar para toda a vida, embora vindo a saber que tem os seus limites, em especial no tocante a coisas muito íntimas, em que uma pessoa se consegue "desligar", ou "acordar", felizmente...

E fiquei a pensar naquele poder da mente, aquele "emissor de ondas estranhas" que certas pessoas possuem e conseguem fazer um "scanner" dos "receptores cerebrais" de outras pessoas, descobrindo a "sua frequência" e ao que parece, se sincronizam um com o outro. Os dois cérebros ficam actuando como um só !

Aquilo até me parece coisa de outros mundos, como se de uma pessoa de outro planeta, andasse entre nós, com forças cerebrais incríveis e ainda tão desconhecidas, mas que foi uma experiência inolvidável... foi ! Quer o leitor acredite, quer não...

Uma força daquelas, nas mãos de certos políticos, deve ter um poder descomunal e levar milhões de pessoas a pensar o que eles querem que se pense...

E já tenho pensado que talvez eu possua um pouquinho daquelas "ondas", e me estar a servir delas, para cativar tantas pessoas simpáticas com os meus escritos, mesmo sem dar por isso ? E talvez até já estivesse a hipnotizar o padre que me convidou a estudar teologia...ou a sentir-me tão atraído por meus avós... ou por aquele piloto instrutor de helicópteros, me largar os comandos, ainda com o aparelho a meio metro do solo...eu sei lá o que pensar desta rocambolesca vida que tenho vindo descrevendo neste blog, desde há anos...
Será que tenho um pouquinho dessa admirável virtude de encontrar e transmitir amor e carinho em tanta gente ? Só o meu leitor o saberá.

Escrito por Engenhocando em 2008/02/24 às 12:15:03

25 comentários:

Mário Portugal Leça Faria disse...

Para conhecimento de todos os leitores, publica-se abaixo os 24 comentários publicados no site brasileiro Lima Coelho "http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=1190" a propósito deste post "Eu só queria saber a verdade!"

Anónimo disse...

Caro Mário, gosto muito de suas crônicas

Comentário Enviado Por: Nivaldo Soares
Em: 06/3/2008

Anónimo disse...

Gosto muito desses assuntos que envolvem telepatia, madia e cois e tal. Pelo que entendo foi um caso de telepatia

Comentário Enviado Por: Carolina Dias
Em: 02/3/2008

Anónimo disse...

Parabéns Mário. Tuas crônicas são um lenitivo para mim

Comentário Enviado Por: José Augusto Neves
Em: 01/3/2008

Anónimo disse...

Gostei imensamente do comentário da Ana Ramon. Oi Mário, não tenho a menor idéia de qual é o processo de como essas coisas ocorrem. Mas sou cética.
C
omentário Enviado Por: Sônia Vilela Muniz
Em: 29/2/2008

Mário Portugal Leça Faria disse...

Quando resolvi descrever esta crónica, já estava mesmo à espera deste tipo de comentários, até porque a maioria das pessoas nem acredita nestas coisas e até pode julgar que alguém, por perto, estaria a informar o Max. Mas quando eu estava completamente só com ele, no camarim, ali é que eu senti que havia algo de muito especial naquele ser humano, talvez porque já estivesse meio preparado, receptivo, e ele o sentiu de imediato, quando me olhou. Eu fiquei dentro dele, ou ele dentro de mim. Embora isso custe muito a acreditar à maioria das pessoas, aquilo foi mesmo verdade, e eu só queria ter a certeza !
Grato a todos pela amabilidade dos comentários.

Comentário Enviado Por: Mário Portugal
Em: 29/2/2008

Anónimo disse...

Agradeço a simpatia de me ter dedicado este post tão interessante.

Sendo filha de ilusionistas sou sempre uma espectadora demasiadamente céptica neste tipo de espectáculos.

O ilusionismo, tal como o nome indica, trata apenas de criar uma aparência confundindo o olhar de quem assiste. A palavra magia que se usa actualmente, dá a entender que existe alguma participação de poderes estranhos e sobrenaturais, não havendo nada de mais errado. Quando se explica um truque de ilusionismo, normalmente fica-se estupefacto pela simplicidade do que se passou e pelo facto de ninguém se ter apercebido da tramóia.

O hipnotismo é diferente. É uma coisa real e actualmente muito usado no tratamentos de fobias, ansiedades, enfraquecimento da sensação de dor, e de uma série de outros problemas físicos. Para mim, é extremamente desconfortável assistir à exibição de quem se diz hipnotizador e pôe uma série de pessoas a ter comportamentos ridículos só para fazer rir a assistência, numa palhaçada perfeitamente gratuita.

Quanto ao outro espectáculo de alguém de olhos vendados conseguir enumerar os objectos que estão no chão (e não numa mala fechada por outra pessoa, por exemplo), não tem nada a ver nem com o ilusionismo, nem com hipnotismo e muito menos com transmissões de pensamento.

Para fazer este número, basta praticar algum tempo e se for um bom aluno, até o Mário consegue enumerar os mesmos.

Podia explicar o que se passa, mas prefiro deixar assim porque não há profissional nenhum neste tipo de actividades que tenha algum prazer de ver os seus números escancarados ao grande público, enfraquecendo o seu aparente virtuosismo.
Um beijinho e mais uma vez obrigada

Comentário Enviado Por: Ana Ramon Em: 28/2/2008

Anónimo disse...

Oi Mário, demais. Claro que isso é telepatia, que é algo que existe e não tem mistérios. Gostei muito

Comentário Enviado Por: Clarice Campos
Em: 28/2/2008

Anónimo disse...

Gosto de ler suas crôpnicas Mário

Comentário Enviado Por: Delta da Cruz
Em: 28/2/2008

Anónimo disse...

Esse Mário é um sujeito genial. Gosto muito das crônicas dele. Esta é surreal, mas é ótima também

Comentário Enviado Por: João Albuquerque
Em: 28/2/2008

Anónimo disse...

Mário, foi um caso de telepatia. Eu sei que há. Gostei do seu relato

Comentário Enviado Por: Marcos Polari
Em: 27/2/2008

Anónimo disse...

Oi Mário, também concordo que é uma história surreal, porém se enquadra mais em um caso de telepatia

Comentário Enviado Por: Zuleide Lima
Em: 27/2/2008

Anónimo disse...

Gostei muito Mário

Comentário Enviado Por: Alice Campolina
Em: 27/2/2008

Anónimo disse...

Oi Mário, pois eu fiquei com um medo danado

Comentário Enviado Por: Milena Jorge
Em: 26/2/2008

Anónimo disse...

Beleza de causo

Comentário Enviado Por: Zuleide Lima
Em: 26/2/2008

Anónimo disse...

Mário pra mim a coisa está mais pra telepatia do que pra sobrenatural

Comentário Enviado Por: Paulo Cordeiro
Em: 26/2/2008

Anónimo disse...

Mário, será que o caso não se enquadra como telepatia?

Comentário Enviado Por: Marcelo Gomes
Em: 26/2/2008

Anónimo disse...

Gostei Mário. Você deve ter mesmo muitas histórias do arco da v elha...

Comentário Enviado Por: Paulo Tardelli
Em: 26/2/2008

Anónimo disse...

ahahaah foi mesmo coisa da alçada do sobrenatural ou da mágica?

Comentário Enviado Por: Julieta Gomes
Em: 26/2/2008

Anónimo disse...

Ai Mário eu juro que fiquei com medo

Comentário Enviado Por: Daniela Mascarenhas
Em: 25/2/2008

Anónimo disse...

Mhário, desculpe-me, mas vou fazer uma brincadeirinha, pois vc sabe que no Brasil são muito comuns piadas engraçadas, outras nem tanto sobre portugueses.. Coisas de tripudiar a colonizaçào, é claro. Mas essa sua história parece conversa de português ahahahahhaah...

Comentário Enviado Por: Eline das Chagas
Em: 25/2/2008

Anónimo disse...

Mas Mário, que causo meu amigo

Comentário Enviado Por: Fabiano Moreira
Em: 25/2/2008

Anónimo disse...

Gostei Mário, mas que é surreal, é

Comentário Enviado Por: Gilberto Ramalho
Em: 25/2/2008

Anónimo disse...

Oi Mário, mas o que te aconteceu mesmo, achas que foi transmissão de pensamento mesmo?

Comentário Enviado Por: Anselmo Leitão
Em: 25/2/2008

Anónimo disse...

Oi Mário, que experiência maluquete, não? ahahahahah

Comentário Enviado Por: Victoria Porto
Em: 25/2/2008