terça-feira, 1 de dezembro de 2009



E TORNEI-ME UM CHICO ESPERTO


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ct1dt@sapo.pt

Crónica 111 de Dezembro de 2009




Desde que eu nasci, em 1927, olhei o mundo e fiquei abismado com o que os meus olhos estavam a ver ! Primeiro vi as mamas da minha mãe, e fiquei deslumbrado, para sempre !


Tudo me parecia uma coisa de loucos, e mal comecei a pensar, deparei-me com pensamentos que, cada dia mais me intrigavam e um desejo imenso de saber mais e mais.

E mal aprendi a ler, verifiquei que este mundo onde vivia, como todos nós, me teria muito para explicar, até que me desse por satisfeito.



(Nota: Nesta crónica, o leitor vai ler várias vezes, o nome de "Xico esperto", e que se refere a dois operários reparadores de avarias que existiam no Hospital de Vila Franca de Xira, quando eu tive de fazer as visitas diárias à minha esposa, e ela lá esteve a ser operada a um cancro nos intestinos, de que viria a falecer um ano depois, nos meus braços.


Trata-se de dois operários que por lá andavam por todos os lados, a reparar tudo o que estivesse avariado, e um deles, que era o mais esperto, ia explicando ao seu ajudante, como aquilo funcionava.
E verifiquei, a pouco e pouco, que não era mais do que um operário classificado, como muitos outros de todo o mundo ! Um tipo desenrascado e hábil, que tinha acesso a todos os lados, não se fosse fundir uma lâmpada da Sala de Operações, ou um aparelho fundamental qualquer... Ele sempre arranjava uma solução diferente, para situações onde os outros, neste caso médicos, se encontram em situações difíceis. Muito habituado às mecânicas, um osso rachado, teria de levar placas, furos e parafusos)


E vim a saber que a Terra, não era mais do que uma "coisa" enorme, onde viviam, por todo ele, milhões de "Xicos espertos" que, como eu, estavam extasiados e impacientes por desejarem saber mais e mais, reparando com muita atenção, em tudo quanto lhe chega às mãos, antes de fazer, como a maioria das pessoas, que deita ao lixo, e vai comprar novo.

Quando se nasce duma família deste tipo e se vai à procura da sua origem, como foi o meu caso, fui encontrar 13 irmãos de meu avô, natural da ilha da Madeira, aldeia Madalena do Mar, de nome Bettencourt Leça, e que já tinha dois irmãos formados em medicina. Ele era o décimo primeiro, também atraído pela medicina, mas logo constatou de que a sua maior habilidade, estava mais em desenhar e pintar, do que empinar todas as imensas literaturas.

Ele queria saber os porquês de tudo o relacionado com o corpo humano, e se refugiava na biblioteca da Universidade, a desenhar tudo o que lá encontrava.

E foi lá, que foi encontrar um colega, também com dificuldades financeiras, de nome José Alberto de Carvalho Ferraz, a quem se juntou para estudar e se fiseram dois magníficos médicos.


Ambos adoravam música e este José Alberto Ferraz, tocava primorosamente violoncelo, a ponto de ter sido convidado para tocar no palácio real.

Ambos se entregaram de corpo e alma às pessoas que, como eles, vinham de famílias modestas.

Para eles, toda a gente devia ser tratada com carinho, muito carinho.



Este José, tinha uma irmã, de nome Leonor Esther Ferraz, que tocava primorosamente piano, e foi com ela, que o Carlos Bettencourt Leça, viria a casar.


Foi deste casamento, que nasceu a minha mãe, Maria da Luz, em 1902, na ilha de S. Miguel, freguesia de Ginetes, e mais 4 irmãos, embora estes tivessem nascido no Continente.

O meu simpático e curioso leitor, ao ver a fotografia de apresentação deste blog, até poderá pensar que eu vivo rodeado de uma profunda confusão de coisas e muita desarrumação... e é verdade !

Quando se nasce com propenção de insatisfeito, nunca mais se muda !
É um defeito de nascença .... Até parece que se nasce torto....





E tudo se foi desenrolando no meu cérebro, com coisas cada vez mais complicadas de entender, porque já havia muitos outros "xicos espertos", desde há milhões de anos, e todos nós éramos uns micro-pensadores, quando comparados com o ambiente que nos rodeia.

Mas chegou um dia, em que li algures, que há milhões de anos, este globo a que chamamos de Terra, estava em constante mutação, e que vivia transformando-se, a ponto de se rachar e separar continentes, levando consigo, tudo o que lá houvesse.


De alto a baixo, fendas vulcânicas mais frágeis, que se podem abrir e formam tremendas tempestadas marítimas, ocasionando Tsunamis violentíssimos que invadem terras distantes, como aconteceu em Lisboa, em 1755.

Os tremores de terra, violentíssimos, destroem tudo e, mesmo a 50 Km de distância, como é a terra onde eu vivo, de nome Benavente, não ficou pedra sobre pedra !


Toda esta zona é sísmica, pelo que muitos exercícios têm sido feitos, para ter todos os serviços de apoio, preparados para algum eventual sismo.

Como se pode ver por esta imagem, milhões de anos, que as Américas estavam ligadas à Europa.


Esta Terra, de hoje, já não era NADA do que havia sido antigamente !




E que durante esta tremenda evolução, cada estrela do céu, que eu via à noite, era composta de milhões e milhões de outros sois, possivelmente rodeados de outros planetas, como a nossa Terra !




E que sempre tinham existido muitos "xicos espertos" , uns mais espertos do que os outros, e que tinham inventado muitas explicações para a nossa existência.

Primeiro, que éramos todos descendentes de uns bichinhos a que deram o nome de Adão e Eva, mas que, como a Terra se havia rachado toda, teriam de haver muitos Adões e Evas, por todo o lado...

Aquilo não podia ser, até porque apareceu um destes bichinhos, que se chamava Darwin, outro "Chico esperto", que tentava explicar que teria havido uma grande evolução nestes bichinhos, até se chegar ao que eu e ele próprio, éramos, pessoas pensadoras e faladoras ! Ou seja, segundo ele, nós teríamos sido macacos... mas o que é certo é que imensas tentativas têm sido feitas para tentar por um macaco a falar e eles não conseguem....







E que a nossa Terra, tinha no Polo Norte e Sul, zonas tão frias, em que se haviam formado gelos e que, quando se derretiam, originavam água doce que todos necessitamos de beber para poder viver, e Mares tão salgados, que só outros bichos podiam beber, para viver; os PEIXES.

Mas só recentemente, e por ter lido umas coisas sobre o LAGO NESS, um lago imenso com uns 140 metros de profundidade, de 37 Km de comprimento, E DE ÁGUA DOCE, onde outro "xico esperto" garantia que ainda estaria vivo, um dinossauro de muitos milhares de anos e vivo, e até lhe tinham visto a cabeça, fora de água...

Mas ao ler a historia destas raças, fui encontrar mais uns "xicos espertos" que pensaram poder alterar a vida na Terra, matando, de qualquer maneira, os seus vizinhos, nem que fosse à dentada ou à paulada, e lá apareceram as guerras e muita CARNE PARA CANHÃO... com exércitos dos dois lados, sempre com medo de que os seus inimigos, fossem mais fortes...

Mas como eram outros "xicos espertos", originaram situações temporárias, em que sempre havia ganhadores e perdedores.

Quando Nobel descobriu a dinamite, já os chineses tinham descoberto a pólvora, e as espingardas, logo houve outros "xicos espertos" que pensaram: agora é que vamos poder matar e à distância, pelo menos, enquanto o inimigo não tivesse, também, as suas armas....iguais ou melhores...
Mas o inimigo também já as tinha, até que se chegou às armas atómicas, de destruição massiva, como aconteceu já nos nossos tempos, no Japão !
Os maiores e mais ricos países do mundo, Estados Unidos da América e Rússia, já se estavam a munir destas armas e se poderiam bombardear um ao outro, mas cheios de medo um do outro, não fosse o seu inimigo ser mais esperto, e mandar o seu fogo primeiro...

Até que chegaram à conclusão de o melhor seria ter um telefone, para tentarem resolver a coisa, antes de carregar, cada um, no seu "botão vermelho"...
Na mira destes "xicos espertos" só havia uma ideia, o poderem viver politicamente de forma muito diferente, desse por onde desse...
Nos EUA, havia povos de imensas raças, lá entradas de todo o mundo e com muita concorrência industrializada, imensos "xicos espertos", onde cada um poderia ganhar mais, os CAPITALISTAS, e do lado da Russia, havia que pôr todos os povos à sua volta, só a trabalhar para o governo, os COMUNISTAS e o seu governo se dizia DEMOCRÁTICO...
Nunca entendi assim, porque não havia eleições em lado algum ...

Os programas eram-nos enviados do Oeste da Alemanha, via rádio, e feitos por emigrantes de Leste, que tinham conseguido fugir do Leste, e contavam como estavam a ser tratados pelos russos.

Nesta Sala de Recepção, os operadores portugueses, recebiam essas comunicações e as enviávamos de volta para lá da Cortina de Ferro, por 8 formidáveis emissores de 200 Kw.




Aqui uma vista dos nossos emissores da Glória do Ribatejo, no Ribatejo.

20 anos, quando os Russos tomaram pela força, todos os países de leste europeu, no fim da última guerra, Berlim, onde do lado Oeste, estavam os americanos, com todas as suas liberdades, nasceu a Radio Europa Livre, para ajudar e, via transmissões de rádio, em que Portugal colaborou com os americanos, criou-se a chamada Guerra Fria, e que acabou agora, com a destruição do muro de Berlim e a livre circulação de pessoas e bens.





Aqui trabalhei como radio-técnico, os meus 35 anos de vida profissional.

Tudo isto me aliciava, porque sendo radioamador, e muito activo, estava sempre a aprender coisas novas no emprego e em casa.
Ou seja, eu estava sempre a brincar com coisas maravilhosas , do melhor do mundo!
Em Portugal, a empresa tomou o nome de RARET , porque o nosso Presidente Salazar só permitia que se Retransmitisse, e aqui estou eu a trabalhar na quente sala de emissores que enviavam os programas para o Centro de Emissão, de onde eram irradiados a alta potência, para lá da Cortina de Ferro.


O nosso vencimento, era ligeiramente maior do que o Estado podia pagar aos profissionais radiotelegrafistas , pelo que neste trabalho da recepção, todos os funcionários teriam de saber telegrafia por código Morse, dado que todos os contactos com a Alemanha, para troca de frequências e colocação da várias línguas, era feita por morse, com códigos secretos.

Foi por causa das entradas e saídas desta sala, que apanhei muitas anginas e deram origem aquela crónica intitulada neste blog, " E deram-me 6 meses de vida", mas a tintura de Gaiacol, aplicada em zaragatoas, me viria a vacinar, até hoje, 40 anos depois.

Já nos nossos tempos, foram o General Bonaparte e Adolfo Hitler, que originaram guerras devastadoras em que se mataram milhões de pessoas, e não deram em NADA...

Pelo meio, imensas religiões se queriam impor com mais adeptos, dando origem a mais ódios e guerras, em especial no médio oriente, com guerras em que uma até durou 100 anos.

Os países que tinham nascido em cima de petróleo, como os árabes, enriquecem a vendê-lo cada vez mais caro, porque o mundo capitalista, já utente de imensas indústrias poluentes do ar ambiente, estavam muito dependentes dele.

Portugal foi escolhido para o Tratado de Lisboa, em que se discute a melhor forma de eliminar, tanto quanto possível, as indústrias poluentes.

Nos países menos desenvolvidos e cheios de carências alimentares, também tinham os seus "xicos espertos" , os FEITICEIROS, que usando ervas e truques, lá viviam à grande e a serem muito respeitados pelo povo inculto.

Então apareceram os "FÍSICOS", nos países mais desenvolvidos, e de imediato as UNIVERSIDADES, de onde começaram a aparecer os "xicos" que, aproveitando as ervas e conhecimentos dos feiticeiros, se vieram a tornar em "xicos espertos" com o nome de MÉDICOS.

Todos os remédios, eram fabricados em "PHARMÁCIAS" que misturavam os derivados das ervas dos feiticeiros, e os "xicos espertos" das indústrias, logo viram ali uma forma de ganhar rios de dinheiro, fabricando os mais variados REMÉDIOS ou DROGAS, mesmo que naquelas misturas, existissem produtos com reacções adversas...ou até fatais...

No meio desta malta toda, havia os "charlatães" que continuam a existir e aparecem as "medicinas alternativas", que ainda hoje se degladiam ferozmente.

Mas, há mais de 100 anos, que os "xicos espertos" se interrogavam sobre a necessidade que todo o mundo tem das energias que provêm do SOL e até chegaram à conclusão de que sem ele, não se pode viver com saúde e que subindo de frequência das ondas de rádio, descobertas à cerca de 100 anos, havia ONDAS que possuíam certas energias invisíveis e que possuíam muitas particularidades interessantes, no tratamento de muitas doenças em que os médicos nem acreditavam , mas que estavam a mostrar interessantes resultados, onde a medicina não obtinha qualquer efeito com as suas drogas.

Foi um tal "xico esperto" , de nome Darsonval , que na Europa, até se queimava estranhamente, mesmo tocando na sua "máquina" com todos os seus elementos FRIOS !

Aquilo parecia magia, e por ter estado muito tempo a melhorá-la, acabou por se ver livre duma enorme e horrível ferida, que tinha no nariz, e se havia curado !

A medicina, ao tomar conhecimento deste facto, arrancou logo a pedir máquinas daquelas e a que deram o nome de DIATERMIA POR ONDAS CURTAS.

Nos EUA, defende-se a ideia de que é o calor gerado por estas ondas, que penetram no corpo dos doentes, enquanto na Europa, Marconi, e o tal Darsonval, defendiam que era outra COISA muito poderosa e que se irradiava à distância, quando ligada a fios de cobre, as ANTENAS.

Sobre este assunto, escrevi uma crónica a que chamei "A magia da rádio".

Com estas descobertas e a invenção da válvula termo iónica, foi possível subir cada vez mais em frequência e estudar todo o espectro destas ondas, onde se chegou à conclusão de que, em certa altura, aparecia uma sensação de calor (Infravermelhos) e logo a seguir, todas as cores do arco iris, O SOL que nos ilumina e aquece, e depois os (ultra violetas) e mais acima um pouco, os raios-X e outras frequências ainda em estudo. É por este motivo da proximidade dos raios-X, que não se deve apanhar Sol demasiado, pois os raios-x, destroem a pele das pessoas, com cancros de pele.

Tudo isto foi estudado e medido, e está disponível em qualquer livro dedicado à engenharia radioeléctrica, como o REFERENCE DATA FOR RADIO ENGINEERS.

A obra mais antiga que conheço, é de 1939 e escrita pelo Dr.Angel H.Roffo, a que chamou Tratado de Fisioterapia, e deu o nome de "Las ondas cortas en la medicina", onde foram experimentadas profundamente, imensas enfermidades, incluindo o cancro e que foi publicado pela Editorial Pan América, em Buenos Aires.



Aqui, e já há uma data de anos, eu conheci um médico do Cartaxo, que também era radioamador, com indicativo CT1PK, o Dr. Fragoso de Almeida, e que era um apaixonado pelas comunicações a larga distância, (DX) e havia sido campeão mundial destas comunicações, devido a ter chamadas noturnas e quando chegava a casa, às tantas da madrugada, antes de se ir deitar, ligava o seu rádio e ia escutar as bandas todas, pelo que muitas vezes encontrava estações de muitos milhares de quilómetros, do outro lado do mundo e lá entrava em comunicação com ela, para conseguir todos os diplomas que enchiam as suas paredes de alto abaixo e até no teto !

Ele possuia assim, mais de 10.000 (?) contactos feitos e confirmados por cartão de comunicação feita (QSL) e diplomas, dos mais difíceis de conseguir, espalhados por todas as paredes do seu quarto de comunicações.

A nossa banda favorita para falar, dentro de Portugal, era os 7 MHz, (40 metros) e mantínhamos muito agradável conversa um com o outro, sobre os mais diversos assuntos.

Ele, além de ser médico, também tinha uma fábrica de pirolitos e gazozas, além dum barco Snype que era do seu filho que, depois dos desportos náuticos, enveredou pela aviação profissional.
Nunca o conheci pessoalmente, nem se constituiu família ou terá uma família bonita como era o seu pai, Dr. Fragoso e a sua esposa, Dona Elis, que o acompanhava em todas as viagens. Ela era, positivamente metade dele, a sua querida metade.

Como era um bom garfo, originou imensas reuniões de radioamadores, em especial na cidade de Santarém, onde apareciam imensos colegas de radio, de Norte a Sul.

Nessa altura, eu estava muito entretido com barcos a motor, mas ele me perguntou, um dia, se eu não quereria aquele barco Snype, que se estava a estragar, e que até o poria aqui à minha porta, se eu aceitasse.
Claro que aceitei e depois de lhe ter feito um reboque, lá foi ele para a Barragem de Magos, aquela linda barragem de que falei em "E descobri o paraízo" neste mesmo blog. Quem gozou mais este barco, foi a minha filha Antonieta, que logo mostrou grande facilidade na sua condução e levava horas e horas, a passear as suas amigas.

Quando cá vinha, sempre me convidava para ir almoçar com ele, em qualquer bom restaurante, mas eu ficava muito intrigado ao vê-lo a colocar uma data de comprimidos de várias cores e tamanho, à volta do seu prato, dizendo que uns eram para tomar em jejum e outros para isto e para aquilo, e ainda eram uns 10 ! Ele era uma pessoa corpulenta, mas não gorda, e gostava bem de comer, mas sempre a misturar aquelas drogas todas...
Que bom amigo eu ali tinha e que saudades tenho dele !

Quando lhe foi descoberto um cancro, no intestino delgado, ele disse-me que os médicos conseguem fazer maravilhas em certas doenças, mas que, quando eram complicadas, não entendiam nada...


Quando ele estava na rádio, tinha sempre uma resposta amável para os colegas que lhe punham os seus problemas físicos, como tensão arterial elevada de 18 e, ele logo lhes dizia, que a dele era 25, e não a podia baixar, porque ficava logo sem força para poder trabalhar...

Já nesta altura, e sabendo que a minha esposa sofria de fortes dores de cabeça, nos trazia um saco de analgesicos de oferta, para ela descobrir os de melhor efeito.
Mal sabíamos TODOS, que se estava a formar um cancro nos intestinos, de que viria a falecer poucos anos depois...e assim também perdi a minha cara metade...

Um certo dia, apareceu-me no rádio, com voz chorosa e me informou de que no seu quintal, tinha um cão de guarda, amarrado com uma corrente, mas onde a sua esposa havia tropessado e se estatelado no chão, partindo o colo do fémur, pelo que, dada a sua idade, já um tanto avançada, para ele, ela, a D. Elisa, estaria irremediavelmente perdida...

Sozinho em casa, com uma criada, entra numa enorme depressão e acaba por falecer, ainda antes da esposa, 5 anos depois da operação aos intestinos !

Isto vem a propósito dum programa que vi recentemente na TVI, de um jovem com 25 ou 26 anos, muito bem falante, mas que estava com SIDA e embora medicado com muitas coisas, e já ha muito tempo, sabia que iria morrer dentro de pouco tempo, e até acabou por se comover !

Tive mesmo pena deste rapaz tão novo ainda, e a ver a vida a fugir-lhe e me lembrei daquele Tratado de Ondas Curtas, reportado atrás e pensando: Dado que as bactérias e micróbios não gostam nada das alternâncias das Ondas Curtas, não seria preferível fazer-lhe uma limpeza a todo o seu organismo, cada dia mais debilitado, com elas ?

E por que não ?

Segundo o Tratado, os micróbios ficam "baralhados" e é nessa altura que os nossos glóbulos brancos, os leucócitos, os atacam e destroem.
Mas a nossa medicina não aceita tratamentos alternativos, em especial porque não compreende o seu funcionamento... embora saiba e aceite, como muito úteis, os sistemas complementares de diagnóstico, em que entram os mais variados e evoluídos instrumentos electrónicos, respeitando e acreditando nos seus relatórios.
Eu tenho um colega de rádio, também radioamador, e com indicativo CT1BH, no Porto, Dr. Nogueira Rodrigues, e da minha idade, que possui e trabalha com todos estes equipamentos mais modernos de TAC, RESSOÂNCIA MAGNÉTICA, ECOGRAFIAS, RAIOS-X, etc. e um dia, fiz uma foto duma radiografia do meu torax, e enviei-lhe por e-mail, para ele dar a sua opinião. Umas horas depois, recebi um seu amável telefonema a dizer-me que tudo aquilo era de esperar, depois de tantos anos de pneumotorax e que eu iria morrer de velho ou de outra coisa qualquer !

Como é natural e amando tão profundamente a vida, fiquei radiante !

Mas recentemente, um mês após ter tomado a minha vacina contra as gripes anuais, a PULMONAR-OM, apanhei uma constipação de tal forma intensa, que estava a levar os dias a encharcar lenços e mais lenços, até que fui transportado por meu filho Mário, pelas 9 da noite, às urgências , à procura dum médico que me receitou um antibiótico, mas por qualquer motivo desconhecido, perdi as forças todas e tive de ir parar ao hospital de Vila Franca de Xira, onde estive 6 horas a ser examinado e não chegaram a qualquer conclusão viável, mandando-me embora com uns vaso-dilatadores que teria de inspirar todos os dias, até ao fim da minha vida...

Mas os resultados na prática, não davam nada e me estava a cansar pavorosamente, na mesma. Nem o meu peso, aguentava...
Eu respirava bem, mas me parecia que o ar não prestava, como se não tivesse oxigénio...

O que ainda resultava melhor, era fazer uma data de inspirações e expirações, parado, como fazem os atletas, e depois iniciar a caminhada, lentamente.

Certo dia, e como acordei às 3 da manhã, com uma pieira dos diabos no meu pulmão, resolvi pegar o meu estetoscópio e fui ouvi-lo, de alto abaixo ! Aquilo estava mesmo feio, mas como tenho um gerador de radio feito por mim, para estas coisas, ali mesmo à mão, agarrei nele e fui colocando nos sítios mais ruidosos, enquanto notava a pieira a desaparecer, até ficar limpinho !

Um outro caso idêntico, que contei neste blog, e que intitulei " E a criança mal podia respirar", e era filho duma médica que estava presente, ao ver o miúdo tão triste e a respirar com dificuldade, eu perguntei à mãe se o poderia auscultar e ela aceitou. De imediato constatei que o seu pulmão esquerdo não mostrava nada de entrada de ar, enquanto o direito se ouvia lindamente. Aí perguntei à mãe se me deixava aplicar as ondas de radio, por 5 minutos e à mínima potência de 5W, o que ela aceitou.

No dia seguinte, todo o pulmão parado, estava a ouvir-se e o miúdo nunca mais necessitou das "bombas" de ar. Já se passaram 5 anos e nunca mais teve acesso de falta de ar, e até se tornou desportista e magnífico aluno.

Com o meu pulmão "rebentado", de que falei recentemente, agora limpo, ganhei força de imediato e já me sinto como novo.

Para complementar esta crónica, vai uma página do Tratado de Fisioterapia, na página ligada a problemas do "aparato respiratório", que mesmo sendo em espanhol, qualquer pessoa entende.



« En todas las afecciones agudas del aparato respiratório superior como ser: las rinites, laringitis, traqueitis, las mismas amigdalitis,agudas,ofrecen un amplio campo para la aplicacion terapeutica de las ondas cortas y que puedem ofrecer al médico práctico resultados muy buenos y fáciles en la aplicacion, con gran asombro de los enfermos de ver curados sus resfrios y seudogripes en menos de 24 horas, con una o dos aplicaciones. »

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

E REBENTARAM O MEU PULMÃO

Crónica 110 de Novembro de 2009

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ct1dt@sapo.pt




Quando eu tinha 16 anos de idade, depois duma infância extraordinariamente feliz nos Açores em S. Miguel, vi-me metido em Lisboa, numa situação de imensas dificuldades financeiras, porque minha mãe estava empregada, como interna na Santa Casa da Misericórdia, Directora das Cozinhas, e teve de arranjar forma de me arrumar, para eu ir conseguindo viver e poder estudar à noite na Escola Industrial Marquês de Pombal que ficava no extremo oposto da cidade.



A casa onde fui hospedado, à hora que eu chegava do Arsenal do Alfeite onde trabalhava, só tinha tempo para me arranjar uma refeição muito débil, consistindo apenas numa sopa aguada que eu mal tinha tempo de engolir para ir apanhar o eléctrico e poder estar a horas na escola .



Eu estava a despoletar na adolescência, e o interesse sexual me obrigava à minha auto-satisfação (masturbação) desse por onde desse, porque se o não fizesse, acordava de noite todo encharcado de líquido espermático, o que obviamente obrigava a dona da casa onde eu morava, a ter de substituir toda a roupa. Por esta situação muito agradável mas também muito complicada por outro, passarão, naturalmente, todos os rapazes, naquela idade, e cada um tem de resolver o seu problema à sua maneira.



Meu irmão Carlos Mar, mais svelho do que eu 3 anos, ia resolver o seu problema sexual como podia, dado que ambos vivíamos no mesmo quarto, lá para os lados do Arco do Cego.



Foi por esta altura, que a minha mãe se lembrou dum seu amigo de infância, Eng.Rogério Vargas Moniz, e que era Engenheiro Chefe do Arsenal do Alfeite, do outro lado do rio Tejo, para onde tínhamos de ir todos os dias numa vedeta da Administração e despejados no Arsenal do Alfeite, onde me arranjaram um serviço na Secretaria da Administração, num lugar vago há muito tempo, pelo que estava tudo muito atrasado, mas como eu gostava de escrever e ler, logo me entendi com ele, pois tinha toneladas de documentos de contratos para ler e tomar nota dos assuntos, num enorme livro, e enviar tudo o que já estava visto e registado, para os arquivos.



Passado pouco tempo, eu já conseguia ir arranjando alguns minutos para estudar as matérias da escola, e na volta para Lisboa, novamente de vedeta, lá tinha de ir ao Arco do Cego, para me alimentar e pegar o carro eléctrico para ir para a Escola Industrial, onde chegava quase morto, de cansaço, sono, fome e mal preparado !



Ou seja, tanto eu como todos os meus colegas da escola, éramos alunos nocturnos. Andávamos todos rebentados...mas tínhamos um professor antipático que não chamava ninguém, e ficava à espera que algum de nós levantasse a mão...



Desta forma, eu, que, modéstia à parte, era o melhor aluno de desenho com 20, e mecânica na Escola Velho Cabral, em S. Miguel, nos Açores, passei a ser um dos piores alunos da Marquês de Pombal, e não via solução para esta porca de vida !


Em 12-12-2007, descrevi esta triste história, que foi publicada no Brasil, por Lima Coelho, na sua crónica nº.926 e que ganhou 24 amáveis comentários, dos meus sempre amáveis leitores brasileiros.


Para ajudar a esta triste sina, mas na boa intenção de me ajudar, a minha mãe pediu a um grande seu amigo, que conhecia o professor da geografia, matéria onde eu estava pior, que não apertasse muito comigo no exame, dizendo-lhe que eu era açoreano, mas disso eu não soube, e andei a preparar-me para países do Continente Europeu, rios, afluentes e cidades, caminhos de ferro, etc.


Infelizmente nem pensei que o exame fosse referente aos Açores e dei uma barracada das antigas, por nem saber os nomes das capitais das 9 ilhas do arquipélago e fui chumbado ! Mas por que diabo a minha mãe não me avisou ?


Ou seja, eu teria de fazer o ano seguinte todo, só com geografia, pelo que foi o fim da minha estadia na Marquês de Pombal.


Minha mãe já se tinha conformado com esta situação e foi alugar casa do outro lado do Rio Tejo, na Cova da Piedade, para onde fomos todos os 5 filhos, até porque ficávamos mais perto do Arsenal do Alfeite e tanto eu como meu irmão, já podíamos ir a pé, embora ainda fossem uns quilómetros....

A alimentação no refeitório do Arsenal, era muito débil, e não ajudava nada à minha recuperação da saúde já muito abalada e cheio de tosse, pelo que vivendo no mesmo quarto com meu irmão Carlos Mar, já um grande entusiasta pelas químicas, físicas e astronomias, me disse para eu colocar numa tacinha, um pouco da minha expectoração, para ele inspeccionar ao microscópio por ele construido, e para espanto e terror de todos nós, ele vem a descobrir que eu estava com bacilos de Koch, ou seja, tuberculose pulmonar, embora o médico chamado, achasse que era uma simples gripe !


Em 22-3-2008, eu reportei no famoso blog de Lima Coelho, na sua crónica 1275, este facto, em "E meu irmão me salvou a vida...e não era médico !".


De imediato foi pedida ao meu médico uma credencial para exame ao bacilo de Koch, e que foi confirmada como Positiva.

A partir desse momento, em nossa casa, tudo o que dizia respeito a mim, roupas, alimentação, talheres, etc, foi afastado e minha mãe tratou de imediato para que eu fosse internado num hospital de infecto-contagiosos, o que conseguiu rapidamente, e novamente ,com a ajuda do seu amigo de infância, Eng.Rogério Vargas..

Triste sina a minha !

O meu pai havia morrido de tuberculose, porque sabia que o tratamento era desesperante, preferiu morrer a tentar tratar-se, o que havia acontecido quando eu tinha 11 anos, e ele só com 45. Como ele era tão novo !!!!

Meu pai, era muito novo, e já era Eng. de Máquinas da Empresa Nacional de Máquinas, em Lisboa, a maior empresa portuguesa deste tipo, mas que acabou por falir em 1926, devido às revoluções existentes no país, e teve de ir viver para a Parede, na linha de Cascais, onde ainda continuou a montar máquinas e a vendê-las.

Nesta imagem, já ele estava muito doente, com 42 anos, e morreu aos 45.

Meus avós, nos Açores, é que resolveram recolher a sua filha e netos, para irem viver nos Ginetes, freguesia onde eu nasci e me mantive toda a mocidade, até aos 12 anos.

Minha mãe vivia apavorada, sempre a pensar se o marido me tivesse contagiado, antes de morrer e sabendo dos problemas dos rapazes na adolescência, por vergonha, nunca me levou a um médico, mas sim a um padre que mesmo na sacristia, e eu ajoelhado à sua frente, muito envergonhado, tive de responder a perguntas muito íntimas, sobre sexo...mais para me controlar como "pecado" do que outra coisa...


Eu creio que continua a haver muita confusão de toda a gente, sobre o tratamento da terrível tuberculose, pensando-se que é pouco mais do que uma gripe e se poderá curar em poucas semanas...ou meses...


Toda a gente possui este bacilo no seu corpo, além de muitos outros, mas se se está bem alimentado e pouco sexo, ele se mantém inactivo, mas se os pulmões mostram qualquer fragilidade, e a actividade sexual é diária, eles vão-se juntando num brônquio qualquer e com tanto sangue em movimento, e finas películas dos brônquios, rapidamente se desenvolvem, não só provocando muita tosse e expectoração, como podendo escavar o brônquio e logo aparecendo alguns laivos de sangue com a expectoração. É o que se chama de Infiltração pulmonar, e exigia imediatamente o pneumotórax de compressão desse ou dos dois pulmões.


Mas muito antes disso acontecer, já o doente está a contagiar tudo onde toca, e até passando a cumprimentar qualquer pessoa por um simples aperto de mão, dado que ao tossir, normalmente põe uma mão em frente da boca e a enche de bacilos.


Mas desde há cerca de 100 anos, que não havia remédio para a tuberculose, a não ser ultimamente, e só existia uma forma de tratamento: furar o peito, por baixo do sovaco, por entre as costelas e sem anestesia, muito lentamente, até que o médico encontre o "espaço" entre as duas películas que lá existem, as pleuras, e deixe entrar ar duns garrafões com água destilada, que estão ligados um ao outro, em vasos comunicantes, por tubos flexíveis.


A descoberta deste "espaço", é muito crítica, porque se a agulha entrar mais um ou dois milímetros, perfura-se a pleura do pulmão e aparece de imediato hemorragia pela boca. Este ar, ao entrar, provoca a compressão do pulmão e daí uma menor capacidade de respiração, dando a sensação de muita falta de ar. Por isso, a compressão dada por esta compressão, dita pneumotórax, é feita por semanas, para menor sofrimento do doente, na tentativa de paralizar o pulmão e assim, dificultar a vida aos bacilos de Koch.


Exames de expectoração de pouco em pouco tempo, informam a data em que eles deixaram de corroer o pulmão e as análises mostram-se Negativas. Está o doente em vias de cura, muito ajudada por uma imensa dose de descanço em ares de montanha, que se pode prolongar por anos.


Infelizmente, se se mantém uma alta actividade sexual, o desgaste físico, é tão grande, que pode o doente recair e voltarem as análises Positivas. Está tudo estragado ! Normalmente, é morte certa, por grandes hemorragias de sangue pela boca , as hemoptises !


Por este motivo, se os doentes são casados, são proibidos de ter relações sexuais, mas os mais novos, como eu era, com 18 anos, e embora solteiro, isso é muito difícil, por causa dos sonhos eróticos que exarceberam a próstata e mesmo a dormir, ela se despeja do seu líquido seminal, por ejaculação...


Ou seja, o jovem macho, está sempre pronto a recair, se não tiver uma cura prolongada de anos e tentar fugir de ver imagens eróticas.


Além disso, e desde que se tenha estado sempre a fazer pneumotórax, convém manter as duas pleoras afastadas, para, no caso duma recaída, se poder aumentar o pneumotórax e parar novamente esse pulmão.


Se se abandona o pneumotórax, julgando-se que se está plenamente curado, as pleuras são chamadas uma à outra, pelo próprio organismo, fazendo vácuo, mas agora, em vez de deslizarem suavemente uma pela outra, quando se enche o pulmão de ar, elas como estando coladas, não o fazem, e fica-se sem a possibilidade de voltar a fazer pneumotórax, a menos que se opte por uma intervenção extremamente dolorosa, onde o operador mete uma mão pelo diafragma entre o intestino e o pulmão, e vai descolando, à força, as pleuras, ao que se chama extra-pleural, e seguindo-se logo a entrada de ar para as manter afastadas.



Algum leitor poderia perguntar: e no início do pneumotórax, como é que o médico sabe onde pode meter a agulha do diâmetro de um pau de fósforo, e sem saber se nesse sítio, existe já alguma colagem das pleuras ?


A pergunta está bem formulada, pois não sabe, e é muito natural que estando coladas devido a alguma pleuresia, estejam mesmo coladas, mas ele está muito atento à cara e comportamento do doente, para ver se picou mesmo o pulmão e tem de retirar de imediato a agulha, para experimentar mais acima ou mais abaixo. É muito chato e doloroso, além de que podem haver muitas colagens !


Embora o doente, num caso destes, tussa e ainda mostre sangue na boca, normalmente não é muito grave.


Só depois de ter entrado algum ar, é que o médico pode ver aos raios-x, (radioscopia) se o colapso do ar do pneumotórax, é total, o excelente, ou se há aderências noutros sítios, onde têm de ser descoladas, até que o pulmão fique comprimido por todos os lados.


Esta intervenção é feita por uma pequena equipa médica, enfiando uma espécie de periscópio, com o diâmetro de um lápis, mas com anestesia local, por entre as costelas, até ao espaço entre pleuras e, por um outro orifício igual, enfiar uma luz, para poder ver onde estão outras aderências.


O paciente está acordado e a acompanhar o que se está a fazer e dizer, normalmente anedotas...porque o rasgar da aderência, é feita com ferro em brasa (termocautério) e o pulmão tem de estar completamente parado. Para isso, é feito um pneumotórax muito violento, até o doente aguentar se ainda pode respirar e dar sinal, para que parem e o deixem respirar por mais uns segundos, enquanto o médico afasta os instrumentos.


Depois volta a alta pressão, e tantas vezes quantas as necessárias, até que todas as aderências deixem de existir.


É nesta inspecção a "periscópio" que o médico pode observar o estado das pleuras e no meu caso, foi encontrar uma data de pequenas bolhas, a que chamou de pleuresia bolhosa, mas quando queimou uma delas e não viu líquido, não achou importante, até porque podiam ser líquidas, purolentas ou sanguíneas, que poderiam vir a provocar uma pleuresia muito mais grave, e que teria de ser extraída por sucção, com agulha grossa e enfiada na parte mais baixa do pulmão, onde está esse líquido, porque ao encher-se o espaço criado pelo pneumotórax, se se encher de líquido, provocaria uma tremenda compressão no pulmão (auto-pneuma) e uma violenta falta de ar. Na verdade, até hoje, nunca me apareceu nenhuma e lá devem continuar as bolhinhas a enfeitar os meus pulmões..


Ou seja, com a minha tão longa estadia de 4 anos num Sanatório do Caramulo, acabou-se o tempo de Assistência da ADSE e embora ainda lá estivesse mais um ano pela Direcção Geral da Assistência, acabei por ter de me ir embora, mas continuei a ser assistido particularmente pelo simpátiquíssimo Dr. Ancelmo Yvens Ferraz de Carvalho, que aqui podemos ver, embora já falecido e que, durante muitos anos, havia sido Director Clínico no Caramulo.


Quando eu para lá fui, ele havia acabado de sair, desesperado com uma grave situação familiar, provocada pela sua esposa, e abandonado o Caramulo, para sempre, mas abrindo consultório em Lisboa, na Av. da Liberdade, onde continuou a fazer-me os pneumotórax, sempre com receio que eu racaísse.




Eu nem sabia, mas esta fabulosa pessoa, era da minha família, e primo da minha mãe, pelo lado dos Ferraz, da ilha da Madeira, e nunca me levou um tostão.

Poderia aqui perguntar um meu paciente leitor: E o que faziam entretanto, no sanatório?


Cada um procurava alguma distracção não cansativa, como passear pelos campos, e eu, a fazer caricaturas dos outros doentes, construir o Radio Clube dos Pinguins e irradiar os seus programas, fazer cinema para os miúdos do Sanatório Infantil, assunto que levei à edição em Lima Coelho, no artigo "Meu amigo João Pereira", em 15-2-2009, nº.2367, e que recebeu dos brasileiros, 18 comentários, tocar música, pois existia lá um doente de nome Dr. Amaro da Silva Rosa, que tocava lindamente guitarradas de Coimbra, numa bela guitarra de um outro doente também médico, mas não a sabia tocar, fazer pinturas a aguarela, muitas fotografias com uma máquina de construção caseira, que eram reveladas no quarto mais escuro que lá existia e era do doente Alvaro Caffer e Reno, e depois ir entregar as imensas fotos aos companheiros, depois foi a locução dos programas do Radio Polo Norte, foi a ida a Viseu para apresentar um programa de variedades, reparar relógios, fazer e usar um gravador de discos de acetato, e conversar sobre tudo o que nos vinha à cabeça, arranjar o automóvel do meu médico Dr.Trajano Sebastião da Costa Pinheiro e a mota do padre, que só andava a direito... além de irmos fumando uns cigarrinhos, os que tinham esse hábito, isto tudo, além de ir fazendo as curas diárias.


Espero que, com esta crónica, ter podido ajudar os pais de muitos jovéns daquela minha idade e menos, e que, actualmente, com as facilidades sexuais dadas pelas moças, e tantos preservativos, se sintam tentados a uma vida exageradamente activa sexual, colocando-lhes todas as facilidades, porque se sentem muito protegidas de ficarem mães solteiras...

domingo, 4 de outubro de 2009

E LEVEI A VIDA A BRINCAR " lV"





Crónica Nº. 110 de Outubro de 2009
CT1DT@SAPO.PT


Mal eu me casei, a minha esposa logo me ofereceu, em poucos anos, 3 miúdos de enxurrada, que aqui estão, numa foto mais à frente, num alegre passeio a uma linda Barragem existente a 11 Km da minha casa, pelo que todos os fins de semana, quer fosse inverno ou verão, era o sítio mais agradável e pouco dispendioso, para onde podíamos ir passear, porque até mesmo à borda de água, havia sombras ou Sol e era só escolher.

Era como se fosse uma eterna Primavera, embora com dias mais frescos do que os outros...
Só que, sendo uma barragem para irrigação dos imensos campos de arroz, o seu acesso era muito difícil, por um caminho de pedras e mais pedras, além de muitos buracos...



Um dia, como o meu carro era um velho Ford, muito usado pela polícia de muitos anos antes, resolvi tentar ir ver o que estaria umas centenas de metros à frente e, para nosso espanto, encontrámos aquela Barragem.

Este encontro suscitou-me o escrever muitos anos depois, uma crónica no meu blog, a que intitulei "Descobri o paraíso", em 10-11-2006.

Era uma pena que aquilo não fosse conhecido de outras pessoas, porque não havia nada igual, muito quilómetros em redor e, como conhecia um velho amigo dos tempos em que havia estado num sanatório, e que era Eng. Geógrafo, o João Pereira, que apresentei no blog, em 25-2-2009, ele foi logo lá ver e fazer medidas, para ver se a Junta Nacional de Estradas autorizaria fazer ali uma estrada, o que foi autorizado de imediato, em especial por eu ter descrito aquela maravilha sem acesso, num jornal da terra, o então Aurora do Ribatejo.

Como eu já andava a tentar pintar a óleo qualquer coisa que alegrasse as paredes da minha casa, até pintei um dedicado a ela e mais uns 15.




O meu primeiro barco, de fundo plano, era um autêntico susto e perigoso, por usar um motor VW muito velho, com hélice fora de água, como uma avioneta qualquer. Felizmente que um amigo aviador, de nome Abílio de Matos, me forneceu os planos de construção de um hélice em madeira, para montagem directa ao veio dum motor deste tipo e assim foi ele construído, mas na prática, o velho motor não tinha potência para ele... provavelmente devido aos atritos na água.



Mas não fosse surgir algum problema grave, o "comandante" já levava uma câmara de ar cheia de ar e à cautela... O hélice era posto em movimento, do lado de fora, mas aquilo era mesmo perigoso nas voltas. Assim foi logo abandonada a ideia do motor fora de água, e montado um motor fora de borda, em que já se podia andar, mas sempre perigoso nas voltas.

Mas de seguida, construi uma "coisa" que eram dois flutuadores em madeira, com uma velha moto montada no meio deles, e sem rodas, mas por vários defeitos nunca andou como eu estava à espera... e tanto desejava, e também foi abandonado depois de um caminhão, de marcha atrás, e com esta geringonça em terra, o ter esborrachado. Eu devia ter colocado uma pequena inclinação nos flutuadores, para afastar a água que, no andamento se sentia apertada e subia por entre os flutuadores, ficando o piloto todo molhado...

Mas depois do incidente, nada daquilo se aproveitou...


Conforme de pode ver pela foto, estávamos em 1956 e o meu filho mais velho, já tinha 2 anos, pelo que fui construir um tractor com motor de 50 cm3 e usando dois pneus velhos, mas à frente, só consegui arranjar duas rodinhas dum triciclo, muito leves, pelo que o tractor ficando muito leve à frente, se encontrasse uma certa inclinação de terreno, tinha, como os grandes, a tendência para seguir em sentido contrário ao desejado, o que logo o meu filho protestou...e até tinha razão...


Nos tractores profissionais, eles colocam à frente, umas centenas de Kg, de ferro, para agarrar bem o rodado da frente , ao terreno.
Mas achei graça aos protestos do um miúdo de 2 anos, a algo que estava errado...


Em 1959, e contando com o aparecimento de mais filhos, como veio a acontecer, construi um carrinho em chapa de ferro e rodas velhas de motoretas, em que cada uma, possuía umas jantes de chapa de ferro e não tinha câmaras de ar, porque o peso era diminuto.


Algum tempo depois, construi um reboque e lá andava ele com dois e 3 garotos dentro, a passear.





Por volta de 1961, estava eu apaixonado pelas máquinas voadoras, porque não havia por perto, um campo de aviação e me pareceu que tivesse a possibilidade de ver uma voar, mas por vários motivos e falta de potência, isso não foi possível.


Como se pode ver, a caixa de velocidades havia sido colocada rodada 90º e bloqueado o diferencial do lado de baixo. Só lá ficaram os carretos da 1ª e 2ª e a embraiagem, que podia ser ajustada para um arranque suave dos rotores.


O sistema de comando global e cíclico estava no topo e a meio deste semi-eixo. estava o sistema de variação de passo do hélice da cauda que era controlado pelos pés do piloto.

Como eu nunca tinha visto um helicóptero em "pessoa" aquela tecnologia me encantava...por ser mais um desafio...

Verdade seja dita que já havia encontrado um pequeno livro, em espanhol, sobre "El vuelo vertical", e pouco ele explicava, a não ser que sempre haviam encontrado problemas de falta de potência, porque naquela época, 1927, os motores eram todos em ferro e muito pesados... Mas como eu tinha tido acesso a um de alumínio, um VW, estava com uma certa fé.

Não serviu para nada, a não ser encontrar explicações que me facilitaram muito mais tarde, por volta de 1990, poder encontrar muita facilidade na pilotagem dum Hugges-300, no Campo da Aerolazer, em Benavente onde o piloto me passou integralmente os comandos, após uma leve estabilização a meio metro do solo, feita por ele, me obrigou a andar de lado, pairar e subir até uns 50 metros, pairar e ir aterrá-lo no ponto de onde havíamos arrancado.


Em 1959, ainda com meus filhos muito novinhos, resolvi construir um pequeno automóvel com um motor de um cilindro, a gasolina, de 100 Cm3, um JAP, que eles deliraram e todos aprenderam a conduzir, embora o mais novo, o Carlos José, conseguisse chegar aos pedais...




As rodas, eram pneus muito velhos, completamente lisos, e que encontrei na sucata, e as jantes eram discos de chapas de ferro, que apertavam os dois lados dos pneus, com 4 parafusos.

A embraiagem era feita ao esticar da correia de desmultiplicação e o travão era carregando sobre a saída dum pequeno tambor, no motor.

Este motor, que arrancava com uma corda, estava colocado atrás, bem como um minúsculo deposito de gasolina de um litro. Só tinha uma velocidade e lenta, para não dar azo a algum acidente grave...embora se pudesse acelerar mais ou menos.
Como havia muito poucos automóveis na terra, uns 4 ou 5, quando o meu filho ia colocar gasolina à bomba, era uma festa de rapaziada atrás dele !

« Mas com tanta água ali mesmo à mão, eu tinha de enveredar pelos barcos.




Tanto a minha esposa, como a minha mãe, nunca podiam estar de mãos a abanar e o que elas mais gostavam de fazer, eram rendas e bordados, mas entretanto, já se haviam passado uns anos e todos os meus filhos, já estavam na Escola Primária . Nesta foto, estavam a gozar com qualquer coisa cómica que estivesse a acontecer na barragem , dentro de água...


. «Felizmente que um dia, e com moldes de cartão, consegui construir um em grande e, tão rapidamente, que ficou a chamar-se de DOIS DIAS, porque foi realmente o tempo que se gastou a juntar, colar e aparafusar as placas de contraplacado marítimo.




Colocou-se um motor emprestado de 10 HP e foi nele que os meus filhos aprenderam a conduzir e a fazer ski, e prancha.
Aqui vai ele num arranque a fundo, pelo meu filho Mário, já com uns 12 anos.

Depois, um amigo me ofertou um Snype e até mo veio trazer, mas um tanto mal-tratado, mas logo foi arranjado e levado numa rullote para a água da mesma barragem, e começamos com este barco, a fazer muito bons passeios à vela, que a minha filha Antonieta adorava e levando consigo as muitas amigas que por lá apareciam. Nesta altura, ela ainda era solteira.





Aconteceu aqui, que um amigo muito experimentado em barcos à vela, e até era Eng.Técnico, o Fernando das Neves Rocha, exigiu que fosse ele mostrar-me como aquilo se pilotava, porque exigia muitos conhecimentos de aerodinâmica, ângulos de ataque do vento, etc. etc. e no dia de bota-abaixo, assim aconteceu, mas como quase não havia vento, o barco dali não saía, da borda de água, porque naquele sítio, havia muito arvoredo e a vela não enchia. Mas eu estava a sentir uma ligeira brisa na cara e lhe disse que o barco estaria errado de direcção... Então ele, um tanto amargurado, me convidou a agarrar o leme e eu lá lhe dei uns puxões rápidos, para o dirigir uns graus para o lado, até ver a vela encher e de imediato o barco começar a andar e bem, mesmo sem eu ter tido uma primeira aprendizagem a velejar...


Mais tarde, e como uns malandros me tinham destruído parte dele, acabei por ofertá-lo ao Eng. que o aprimorou e pintou, mas que eu saiba, nunca mais foi à agua, e até hoje...


«Foi por esta altura que, um outro amigo nosso, e que havia mandado construir um belo barco, mas que estava abandonado num quintal, por ser ingovernável, eu e o meu filho, lá o fomos buscar e realmente, já com motor de 50 HP, ela era ingovernável ao tentar-se fazer uma volta mais ou menos apertada, pois dava uma sarrascada muito violenta, para o lado oposto e para ali ficava, sarrascada para a direita e esquerda, pelo que até ficou conhecido por "saltitão" e foi logo abandonado.


Era pois mais um aliciante problema que eu teria de resolver, até porque o barco era muito bonito e robusto.

Estudado o problema , logo foi resolvido, retirando umas réguas salientes, que acompanhavam o casco de uma ponta à outra. Depois de se ter eliminado estas réguas do meio para a proa, betumado o sítio , polido e pintado, o problema desapareceu por completo e foi o nosso melhor barco de recreio.



A partir daquela data, começaram a aparecer turistas de todos os lados e com milhares de pessoas, além de muitos barcos de corrida, e pessoas para aprenderem a skiar, não só para os experimentar, e até fazerem corridas e alguns barcos à vela. Nos últimos anos, apareceram as motos de água que sujavam a água de óleo e já nem se podia nadar, porque elas vinham quase a terra, chateando toda a gente que estivesse a tomar banho...

Por outro lado e infelizmente, com esta malta toda e falta de civismo, vieram as músicas aos berros, as sardinha assadas e com espinhas largadas por todos os lados, além da fumarada do assar sardinhas e o largar de plásticos por todos os lados..., sem o mínimo de respeito por quem lá estava para descansar.
Foi, como diz o povo; "pérolas a porcos "

Foi o fim

E parece que de barcos, embora ainda houvessem outros, chega, e já agora, boa viagem e muito gozo, mas o mais curioso é que foi tudo gratuito "e se ia vivendo a brincar".

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

E LEVEI A VIDA A BRINCAR (lll)














Crónica Nº. 109

1 de Outubro de 2009

CT1DT@SAPO.PT



E LEVEI A VIDA A BRINCAR (l l l)

Nesta secção da crónica, estou tentado a mostrar algumas das minhas actividades entretanto realizadas há muitos anos, mas como as fotografias então feitas, eram a preto e branco, porque as fotos a cores, ainda não existiam, a maioria terá de ser a preto e branco.

Espero que o leitor encontre algum interesse nesta crónica, pois talvez até tenha sido ou deseje fazer pela sua vida fora, algo parecido, para sentir como eu, uma vida muito entretida e com muitos assuntos diversos.

Quando se ama o que estamos a fazer, estamos realmente a brincar, quer se tenha 2 anos ou 82.

Quando se chega à minha idade, e se se procurou uma actividade profissional que se possa executar com prazer, e se temos em casa, também uma actividade agradável, estaremos a viver a brincar.
Nesta imagem rara, estamos em S.Miguel. Açores, na freguesia de Ginetes, mas em 1938.

Ela é especial para mim, porque nos extremos, estão meus dois primos nascidos nos Ginetes e de todos os outros, só eu sou açoriano de gema e aí estou todo encaracolado, sobre o Austin-7 que meu avô tinha acabado de adquirir, depois de se ter desfeito do "Char à banc" que era puxado por um dócil e belo cavalo castanho.

O resto da trupe, eram os meus irmãos, todos nascidos em Portugal Continental, enquanto meu pai ultimava o funcionamento da sua Empresa Nacional de Máquinas, em 1926, devido às contantes revoluções militares e às trocas de Governos.

Como se pode ver, estavamos todos na Escola Primária.

Como as estradas eram todas muito más, aquele carrinho era tratado com muito cuidado e até a manjedoira foi tapada para fazer dela uma pequena bancada de trabalho de beneficiação do carrinho, todo cheio de ferramentas de meu pai, que havia chegado do continente para consumir os seus últimos dias de vida. Ele estava atacado duma doença muito grave e que não perdoava, se não fosse tratada a tempo, mas mesmo assim, como gostava muito de "brincar" se manteve até ao fim da sua vida, entretido com vários tecnologias, desde a reparação de todo o tipo de relógios à complicada afinação de órgãos de igreja, agricultura, e outras engenharias, além de ir dando uns passeios a pé ou no carro de meu avô.

Eu o descrevi na crónica "Martins Faria, uma vida de sonhos ", em 9 de Março de 2007.

A sua grave doença, por ser muito contagiosa, exigia que todos estivéssemos à distância, o que muito nos entristecia, e incluindo minha mãe que teve de ir dormir com filhos, para o sótão, por imposição de meu avô !
Até a sala de convívio e música, foi mudada para outra sala, para que meu pai tivesse pouca possibilidade de contagiar a familia e as visitas, pelo que tudo foi mudado. Foi uma imensa reviravolta de todas as nossas vidas.

Até antes de ele chegar, especialmente eu, todos levávamos uma vida de grande entretenimento a fazer e gozar com os nossos brinquedos. Talvez o que mais gozo me deu, foi um a que chamei de monocicleta, que era um pau de vassoura com uma forquilha em baixo, onde eu havia colocado uma roda de ferro, duma velha máquina de moer café e, para me agarrar, coloquei um pau transversal, com um travão puchado por um cordel e empurrava uma tábuinha sobre a roda, travando-a. A outra ponta, apoiava-se no meu ombro e podia correr lindamente com aquilo, pois me cansava muito pouco.

Talvez por ter sido meu avô que me ajudou a vir a este mundo, ele mostrava uma especial atenção a tudo o que eu fazia e me divertia e, como ele era muito engenhocas, também "brincava" muito no seu "laboratório" que era uma grande oficina que tomava 1/3 do sótão , que em S.Miguel se chama falsa, e onde guardava imensas coisas, para seu entretenimento, como torno a pedal, todo montado em ferro, uma bancada de marcenaria dotada de muitas ferramentas, uma forja, material de caça, prelo de impressão com milhares de letras de muitos tipos, e o seu "laboratório fotográfico" , além de muitas outras coisas mais.

Assim que ele abria a porta da sua oficina, aí estava eu, pronto a fazer perguntas e a querer ajudar em tudo, o que ele me ia permitindo e sempre explicando.

Era no torno, uma espécie de grande máquina de costura, onde ele torneava as bolas e tacos do jogo de croquet, que eu punha o meu pé para ajudar e a sentir cair-me nos cabelos, as imensas aparas da madeira que iam saltando.

Mas quando ele se metia na casa da fotografia, depois de ter preparado cuidadosamente os banhos de revelação e fixagem, é que eu mais gostava... embora tivesse de ficar horas à espera que ele de lá saísse para eu ver as chapas de vidro com as fotografias em negativo! Aquilo até parecia magia !

Mas como o mais que ele me poderia dizer, era que "agora não...", eu acabei por pedir-lhe para assistir e ele deixou, pelo que mesmo nos bicos dos pés, porque a bancada era alta, consegui assistir a todo aquele trabalho maravilhoso feito a uma fraca luz vermelha, porque as chapas eram ortocromáticas, naquela época !

Só muito mais tarde é que eu vim a saber que havia as pancromáticas e como era sensível ao vermelho, essa cor não poderia ser usada, mas sim uma verde muito escura.

No andar debaixo, provavelmente estaria minha avó ou minha mãe a tocar ou a aperfeiçoar as suas lindas músicas de piano.

Aquela "casa cor de rosa", era mais bonita naquela altura, porque todas as janelas tinham persianas encarnadas, mas agora, já com outros donos, embora continue cor-de-rosa, já não as tem.

Esta foto foi tirada há pouco tempo e já com outra em frente, além duma escola.

Como os tectos eram muito altos, dessa janela que se vê em cima, havia outra do lado oposto, e era onde o meu avô tinha a sua oficina, enquanto nesta que se vê à esquerda, era por onde poderíamos ver tudo o que se passava em baixo, embora com certa dificuldade, porque nessa altura, há 70 anos, a casa era toda rodeada de frondosas árvores.

A entrada para a casa, era por este portão de ferro que interrompe o muro branco e que acompanha todo o terreno, de uns 50 metros.

Mesmo em frente da porta principal, havia 3 degraus em pedra, onde se faziam belas fotos.

Como os rapazes estavam a jogar no croquet, um deles, à esquerda, até tem o seu taco de jogo, ao ombro, certamente para ir ficar presente na fotografia.

Esta foto é certamente histórica e foi tirada em frente da casa, nos degraus acima citados, e onde se pode ver uma das janelas de persianas fechadas.

À esquerda de todos, pode ver-se de chapéu, o farmacêutico Sr. Vargas Moniz, pois naquela época, onde existisse médico, tinha de haver um farmacêutico para fazer os remédios. Assim, a farmácia era um ponto de encontro para as pessoas mais gradas da terra, além do posto telefónico e de notícias.

Ele também veio da Maia, com alguns dos seus 4 filhos mais velhos, enquanto outros ficaram amigos íntimos da minha mãe, como o Eng. Vargas Moniz, que foi Eng. Chefe do Arsenal do Alfeite e que descrevi neste blog, em "Meu amigo Eng. Rogério Vargas Moniz", publicado em 25 de Março de 2007. Um dos outros irmãos, se formou em genecologia, e todos atingiram graus académicos importantes .

Tenho reparado que este jogo do croquet, por não ser cá conhecido em Portugal continental, tem dado azo a muitas confusões, dada a sua semelhança com o jogo do cricket, mas é muito diferente, embora também jogado com tacos a bolas do tamanho de laranjas.
É que no croquet, temos de destruir o jogo dos adversários, atirando a nossa bola, com muita precisão, até à grande distancia dos cerca de 20 metros do campo e, se lhe tocarmos, temos direito a fazer um croque, prendendo bem a nossa bola com um pé e batendo-lhe com o maço com a força necessária para que a bola do nosso adversário, e que está encostada à nossa, fosse parar o mais longe possível, estragando-lhe o jogo. Obviamente que esta operação tem de ser feita com cuidado, senão bateríamos no nosso próprio pé...
Tendo conseguido o croque, podíamos continuar a jogar, crocando para este e para aquele, até onde pudéssemos. Depois seguia-se o outro adversário. Assim, quem tivesse mais habilidade, e muitos croques, quase nunca mais parava...

Assim, todo o jogo é feito e calculado para destruir o jogo dos nossos adversários e irmos, entretanto, passando os 8 arcos de ferro colocados fortemente no terreno e, além disso irmos passando por dois arcos em cruz, com uma campainha pendurada e que está no meio do campo.
Além disso, onde se começa e se acaba o jogo, existem dois paus na vertical (estacas) e onde lhe temos de bater com a nossa bola, no fim do jogo. Todos os arcos de ferro, só podem ser passados num sentido.
Destes constantes CROQUES (choques) é que teria surgido o nome de JOGO DO CROQUET.

No nosso caso, para que os assistentes pudessem estar à sombra, havia um caramanchão forrado de plantas aromáticas, por todos os lados, excepto à frente e a toda a volta, muitas árvores como o plátano, em forma de tecto.

Eu estava desejoso de pode chegar às fotos de alguns dos meus brinquedos, mas como isto já está muito grande, vou ter de o fazer, se ainda estiver vivo... na crónica seguinte, a Nº. lV.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

E LEVEI A VIDA A BRINCAR (ll)











Crónica nº.108
Setembro 2009
e-mail ct1dt"sapo.pt

" E LEVEI A VIDA A BRINCAR " (ll)


Há pouco tempo, li um pensamento chinês que dizia:

« Se ouvir, esqueço, mas se vir, nunca mais esqueço » (Confúcio)
Até chegar à idade da imagem com que inicio esta crónica, muito se passou na minha vida, e desde muito criança, e a assistir a coisas sempre interessantes, pelo que ficaram retidas na minha memória, para sempre !
Ainda estava antes da Escola Primária, e por isso entre os 5 e os 6 anos, e porque meu avô, já com mais de 60 anos, me deixava estar junto dele, quando ele "brincava" com muitas coisas, eu fiquei a pensar que ele devia ser um bom brincalhão...
Ele era médico, mas possuía uma habilidade imensa, para muitas profissões e no sótão da sua casa, onde eu havia nascido, em 1927, de que já tenho falado imensas vezes, como " A CASA COR DE ROSA", havia milhões de coisas interessantes, porque ele sempre tinha uma paixão entre mãos e, podia adquirir as ferramentas apropriadas para cada trabalho.

Aquilo estava tudo guardado no sótão, fechado à chave, mas de tempos a tempos ele abria aquela sala misteriosa, que eu tanto adorava visitar.

Ele não era uma pessoa muito faladora, talvez enjoado por me ouvir a perguntar constantemente, para que era aquilo...como aquilo funcionava, como se chamava, tantos porquês que talvez ele tivesse dificuldade em responder, porque eu só tinha 6 anos, e ele devia sentir que eu era curioso demais. Assim, preferia ir fazendo as coisas, sem botar "faladura".

Naquela enorme sala, que se tornava muito baixa, por causa da inclinação do telhado, lá para os cantos, aquilo estava cheio de tralha e era impossível lá ir alguém, a menos que levasse luz de uma lanterna eléctrica, mas eram tantas as aranhas, e suas teias, que aquilo até metia medo...

Mas eu nem me lembro de tudo o que lá existia, embora me recorde de ver umas caixas com sacos pequenos e cheios de pós brancos, que mais tarde vim a saber que eram produtos químicos para gerar fogo de artifício ! Aquilo é que meu avô era um brincalhão !!!
Mas me recordo de ter encontrado uma máquina para moer café e tinha duas rodas em ferro, e ali estava abandonada por já não moer bem.
De imediato pensei a fazer uma MONOCICLETA, ou seja, na ponta dum pau de vassoura, apliquei duas tábuas à laia de "garfo" onde coloquei uma roda.
Mais ou menos a meio, coloquei atravessado, um pau, onde podia agarrar. Depois era só correr com aquilo e guiar a roda para as curvas.
Aquilo até era engraçado, pois eu ficava inclinado para a frente, e podia correr á vontade sem me cansar tanto...
Sim, porque não havia dinheiro para uma bicicleta... e sempre era mais um brinquedo...
Mais tarde um pouco, construi uma BICICLETA, usando um pau em ângulo recto, onde me escanchava e apertava as pernas, e numa rampa qualquer, eu me conseguia deixar correr, bem equilibrado... Claro que não tinha pedais nem corrente, nem onde por os pés , nem rodas dentadas, porque bicicleta de fábrica, era só para ricos...
Havia naquele sótão, uma armação em madeira, com uma dúzia de tabuleiros, com milhares de letras metálicas, e que era uma máquina de imprensa, onde eu um dia aprendi a imprimir o papel para as receitas com o nome de meu avô, papel de cartas e envelopes, para ele e para a família, e aqui a podemos ver, muitos anos depois, quando na RARET, estava a imprimir fotos no nosso Boletim Técnico RARET, e porque havia uns pingos de chuva, de tempos a tempos, no inverno, o meu chefe de nome Fernando Calhau, que era muito brincalhão também, foi procurar um guarda-chuva para ficar "melhor na fotografia"...

Meu avô me havia deixado por herança a sua máquina de impressão, por ter sido o único dos seus 7 netos, que se havia mostrado interessado a manejá-la.
Aquilo era um tanto complicado, porque havia que compor o escrito, usando as letras que desejávamos, e adicionando os espaços. Isto era feito numa peça em chapa de aço e dobrada em "L", em que se apertavam os conjuntos de letras e se amarravam fortemente. Este conjunto de letras, de maior e menor tamanho, era colocado com muito cuidado, numa moldura em latão, que levava uns enchimentos em madeira e uns parafusos laterais seguravam todas as letras, para serem agarradas à máquina de impressão.
Mas havia depois, que colocar sobre o Prato circular da tintagem, que era em aço, uma certa quantidade de tinta espeça e se tinha de a espalhar muito bem, em todos os sentidos, com um rolo de borracha, para que o Prato ficasse todo igualmente tintado, com uma fina camada de tinta.
Mas antes disso, já se haviam feito os rolos da tintagem, com gelatina e mel, nuns tubos metálicos, (as formas), que já levavam no meio, uns varões de aço, onde se haviam enrolado uns cordéis, onde a gelatina se iria agarrar, mas deixando uns roletes de aço, para que eles ficassem perfeitamente centrados, e eu a prestar muita atenção...
Uma vez endurecida a gelatina com mel, os dois tambores eram colocados na máquina, ainda sem a moldura com as letras, e se andava para cima e para baixo com a alavanca, tantas vezes quanto necessário, até que estes dois rolos agarrassem a tinta que ia sendo "roubada" do dito Prato.
Este Prato só podia rodar para um lado, por uma unha metálica que por baixo dele, o fazia rodar uns 30 ou 40 graus, que cada vez que o braço vinha abaixo e fazia um prelimpimpim, ao levantar o braço.
Um prato quadrado, onde se agarravam uma data de folhas de papel, umas 12, à laia de cama, e era sobre esta Cama, que as letras já com tinta, iam ser comprimidas e impressa cada folha. Esta cama era um tanto chata de montar, para que a impressão não ficasse vincando as letras...nem com falhas de tinta por esta cama não ter a altura suficiente.
Na foto a seguir, pode-se ver a máquina com o Prato da tinta, um pouco inclinado e a moldura da Cama onde se colocavam as folhas de papel a ser impressas e o braço em que o operador tinha de carregar, por cada cópia impressa.
Eu, embora com 5 e 6 anos, já tinha visto e aprendido todas estas operações, e como as cópias eram umas centenas, eu havia notado que meu avô se chateava de fazer aquele trabalho, por ser muito repetitivo, e um dia, lhe pedi para experimentar a ver se tinha força para puxar aquela enorme alavanca, e ele me deixou fazer, pelo que logo me disse que me pagaria 1$00 , se conseguisse printar umas centenas de folhas, o que assim aconteceu e eu todo contente...
Quando terminei o trabalho e o fui entregar, ele sacou da sua algibeira uma carteirinha de rede de prata, de onde tirou o escudo prometido e, "montado" na minha monocicleta, lá fui rapidamente a uma loja, para comprar dois lápis e uma borracha.

De cada vez que o braço da máquina, vinha abaixo...prelimmm, e saía uma folha impressa.
Mas o mais amargo daquilo, era que eu tinha de limpar com petróleo, não só toda a máquina, além da moldura onde estavam as letras, e ainda teria de colocar as letras todas e os espaços, nos respectivos tabuleiros... mas tinha de ser... e lá ficava este pirralho de gente, todo borrado de tinta preta... Esta operação era-me muito confusa, porque eu havia começado a ler, mas não conseguia ler as letras metálicas... Mas que chato !!!!
Bem que as voltava e olhava , de todas as formas, quase as metendo pelos olhos dentro, mas meu avô, que estava atento e a ver a minha dificuldade, pegou numa receita e me perguntou: "Que letra é esta ?" e eu respondi que era um "C", "E agora esta ?", é um "A". " E agora esta ? ", é um "R". E continuou, "Estas letras estão como se fossem vistas ao espelho, de marcha atrás"... Finalmente eu havia entendido que tinha de ser assim, para que se entenda, quando são impressas.
Assim entendido, logo comecei a colocar as letras no grande tabuleiro, onde eu mal chegava ao cacifo dos "AAAA" ou dos "aaaaa", por ter os braços curtos demais.
Havia sido mais fácil entender o meu professor, o Sr. Silva, que me ensinou a ler, escrever e contar, antes de eu entrar para a instrução primária, mas essa de ver as letras ao espelho...é que ele não me havia ensinado....

Como já contei, havia um torno mecânico em ferro, mas a pedal, onde eu havia visto meu avô tornear as esferas em madeira, para o jogo de croquet, muito popular em S. Miguel, e pequenas peças metálicas, uma mesa de marceneiro com belas polainas e muitos formões, uma mesa onde ele carregava centenas de cartuchos de caça, e um cubículo muito escuro, que só era iluminado por um vidro encarnado, ao que ele chamava de Câmara escura.

Nesta época, só havia chapas ortocromáticas e, por isso, nada sensíveis à luz encarnada. Por isso, a sua iluminação, para todo o trabalho na câmara escura, só podia ser feito com esta cor.

A sua enorme máquina fotográfica, era muito parecida a esta da foto, e o seu operador, tinha de usar um pano muito escuro, para fazer uma perfeita focagem, no seu vidro despolido, com ela bem agarrada a um valente tripé. Depois da focagem, saía o vidro despolido e entrava no seu lugar, uma cassete com a chapa virgem, para ser feita a fotografia.

Aquele sítio, escuro como breu, era uma paixão para a minha curiosidade e eu já sabia que, quando ele para lá entrava, durante horas, não podia abrir a porta. O que estaria ele a fazer com tanta paixão, naquela quartinho escuro ? Pela certa que estaria a "brincar"...
Mas um dia, vi-o a preparar os banhos necessários para revelar fotografias, porque já tinha visto que depois de ele fazer uma fotografia, ele tinha de ir preparar os banhos de revelação e fixagem.

Ele tinha uma balança de ourives onde colocava uns papelinhos cobrados em "V", onde colocava com muito cuidado, uns produtos químicos, chamados Sulfito de Sódio, Hidroquinona, Metol, o Carbonato de sódio, e Alumen. Ele colocava cada um, dentro de água aquecida, a uns 50ºC, para se dissolverem facilmente e aquilo era feito sempre a seguir, no que eu já podia ajudar, porque ele deixava-me andar a mover o líquido com uma vareta de vidro. Depois de todos juntos, ele filtrava o conjunto e despejava dentro de uma cuvete. Era o Revelador.
Depois ia buscar um grande frasco com Hipossulfito de Sódio, que dizia ele ser o Fixador, e depois dele estar bem dissolvido, num litro de água, colocava-o numa outra cuvete.

E ele ia-me explicando:

Este Sulfito de Sódio, o conservador, é para tornar o líquido alcalino e ser mais fácil dissolver o Hidroquinone e o Metol. Sabia eu lá o que era "alcalino..."

Depois entra o Carbonato de Sódio, porque este banho tem de ser fortemente alcalino...

Depois entrava uma pitada de Brometo de potássio, para evitar um véu que se poderia formar, durante a oxidação da prata exposta à luz, pela objectiva, com as imagens. Sabia eu lá, o que era " Oxidação"...

Ou seja, as altas luzes, como um Céu bem iluminado, depois do banho revelador, tornava-se negro e os negros como os cabelos das pessoas, ficavam brancos. Ou seja, a imagem ficava invertida, era o Negativo.

Na passagem ao papel, tudo se trocava e obtinha-se o Positivo que já podia ser bem lavado e posto a secar.

Segundo ele, como a chapa ficava com muita prata virgem, o Brometo de prata, era necessário o banho Fixador que retirava toda esta prata mais ou menos virgem, e já não haver perigo de apanhar luz.
Na câmara escura, ele colocava 5 cuvetes, sendo a primeira com água, a seguir o Revelador, depois outra com água, depois a outra com o Fixador e, ao fim de certos tempos em cada processo, com todos à temperatura de 18ºC, já podíamos abrir a porta.

Meu avô devia ficar intrigado por eu querer saber os nomes e manobras, que eu ia decorando, até que certo dia, mesmo nos bicos dos pés, para poder espreitar o que iria acontecer, ele me convidou para ir assistir ao que ele ia fazer na câmara escura e aquilo de ver uma chapa de vidro, toda branca, só iluminada pela luz vermelha, e progressivamente ver o aparecimento duma imagem, foi das coisas mais interessantes que me havia de acontecer ! Aquilo parecia magia !

Naquela época, só se fotografava em chapas de vidro muito caras e por isso, nos preparativos para fazer uma foto, toda a gente envolvida na fotografia, tinha de estar muito bem arranjada...


Aqui estamos os cinco, no campo do croquet.
Eu tinha mesmo de possuir uma máquina fotográfica, nem que a tivesse de fazer, porque já havia entendido os porquês daquilo tudo e já um pouco mais velho, conseguiria fazer uma, nem que levasse um ano inteiro...



Embora com muitos defeitos, esta foi a minha primeira fotografia, mas tinha tido a honra de pedir a meu avô que disparasse a máquina, o que ele fez todo sorridente, o que me encheu a alma de alegria, porque ele me deixou repetir todas as operações da preparação dos Banhos e usar a sua Câmara escura ! Julgo que ele devia também, estar a achar muita graça à minha coragem , para aquela aventura...
Como ele ia deitar fora os banhos fotográficos, iria fugir das tentaivas das pesagens e do ter de manter os banhos a 18ºC...
Este gosto pela fotografia, me ficou agarrado à pele, para sempre !
Felizmente que começaram a existir as máquinas fotográficas da Kodak e eu já estava na Escola Industrial , com 11 anos, mas só aos 13 anos, me ofereceram uma que de pouco serviu, porque a película era muito cara...
Mas recordo que era o único aluno que possuía uma máquina fotográfica de construção caseira e que levei para a Escola, mas já lhe havia aplicado uma parte dum sistema de relojoaria, de um velho despertador, para eu a disparar e poder ficar na foto. Assim, coloquei-a num banco, dei corda ao maquinismo e corri para o conjunto, tendo-lhe posto antes, uma pedra em cima para ela ficar fixa, mas o mecanismo explodiu, com rodas dentadas por todo o lado e fiquei sem saber se ela teria disparado ou não... Um dos meus colegas mais velho, levou a película para revelar num fotógrafo profissional, e para meu espanto, ela tinha mesmo disparado um instantâneo e havia feito uma bela foto daquela malta toda...mas não fiquei com nenhuma... ou então esqueci-me...

Já nesta altura, eu havia construído vários projectores de cinema , lanternas mágicas...e andava desejoso de fazer um projector com movimento, usando fita de cinema perfurada, e quando pedi ao Mestre da Escola, que me deixasse fazê-la, ele logo me disse que eu iria necessitar do torno, ferramenta a que os alunos só tinham acesso nos anos a seguir, mas eu logo referi que tinha alguma prática do torno de meu avô, e lá me deixou construir. Ela é imprescindível para fazer saltar as imagens e dar-lhes movimento.
Nessa altura, eu já sabia de que iria necessitar duma peça, muito difícil de construir, e que se chamava Cruz de Malta, mas consegui construí-la.

Esse projector, que andava à manivela, é o que vê na foto a seguir e à direita em baixo, mas eu já estava noutra, com o encanto pela rádio.

Em 31/10/2006, eu já havia publicado uma crónica chamada "A magia de vida", e na mesma data, um outro que intitulei "E era um garoto como os outros ".
Não me lembro já, como teria o Grande poeta brasileiro Lima Coelho, descoberto o meu blog, mas a partir de 2007, e com a grande ajuda da muito conhecida e querida MEL, ele começou a reeditar quase todas as crónicas que aqui iam saindo.
Gostaria de lembrar que meu avô só ia "brincar" com as suas paixões, quando não tinha pacientes à espera, mas era tal a sua paixão com a medicina, que a vivia duma forma intensa, nem que estivesse horas à cabeceira dos seus doentes, mas ficava imensamente triste, quando via algum morrer..., por não lhe ter acertado com o tratamento.

Está-me a parecer que esta crónica já estará a ficar muito grande e, por isso, e porque tenho imenso para contar, talvez seja melhor ficar por aqui agora, até à terceira parte.
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