JOSÉ ROSA
1905-1992
Por
João Martinho
Ti Zé Rosa nasceu no berço de oiro do trabalho, da honradez e da dignidade.
Mal tomou consciência de ser vivo, ainda no berço tosco de madeira de pinho, e a sua acuidade visual lhe permitiu distinguir formas e cores, corria a vista por ripas e barrotes irregulares da cobertura de telha vã da sua casa de aldeia.
Naquele tempo, casar não era apenas unir destinos. Era inverosímil uma união sem, previamente, fazerem a sua própria casa dando forma à ideia implícita no verbo casar (arranjar casa).
Há poucas décadas ainda, esta era uma prática comum no Espinheiro a atestar a influência árabe justificada minimamente pela própria palavra adobe, sendo este, na sua essência um paralelepípedo rectângulo que se unia a outros por juntas de terra amassada e pedaços de pedra.
Zé Rosa, para não ficar moiro, como se dizia então, foi baptizado com o nome cristão de José, palavra que vem do hebraico “Yosef”e significa “que Deus multiplique”. O apelido Rosa vem do latim, flor muito apreciada com que foram apelidados ( e continuam a ser ) muitos membros da referência judaico-cristã, verdadeira génese do povo que hoje somos.
Zé Rosa, de menino foi rapaz e de rapaz se fez homem percorrendo todas as etapes comuns às gentes do Espinheiro. O trabalho a que foi habituado desde criança foi a bandeira que o norteou pela vida fora . Dizia-se então:
Sempre alegre e bem disposto, descalço e de barrete negro com uma grande borla que pendia até à cinta, completava o seu visual um pau de marmeleiro que ele próprio descascara depois de cozido no forno e polira com cal apagada.
Naquele tempo era impensável para o homem deslocar-se a qualquer parte sem a arma a que mais facilmente tinha acesso. O pau era um precioso instrumento na defesa da integridade física perante as arremetidas dos cães ou a falsa fé de algum provocador ou arruaceiro.
Zé Rosa, à custa do exercício, celebrizou-se pela agilidade com que se defendia ou atacava, não permitindo a aproximação de qualquer contendor.
Com garbo e maestria enfileirou naquela espécie de círio que, anualmente, se deslocava à povoação do Prado sob o comando doTi João da Tota e onde, à boa maneira das justas e torneios se exibiam todas as figuras do jogo do pau com que se celebrizou o Espinheiro nesta manifestação profana a S.Brás.
O apelido Rosa vem do latim, flor muito apreciada com que foram
apelidados ( e continuam a ser ) muitos membros da referência judaico-cristã, verdadeira génese do povo que hoje somos.
Zé Rosa, de menino foi rapaz e de rapaz se fez homem percorrendo todas as etapes comuns às gentes do Espinheiro. O trabalho a que foi habituado desde criança foi a bandeira que o norteou pela vida fora . Dizia-se então:
Zé Rosa foi um trabalhador emérito que merecia as mais altas distinções, correndo lugares e lugarejos, ora vendendo sardinha, ora serrando ora arroteando terrenos incultos.
Sempre alegre e bem disposto, descalço e de barrete negro com uma grande borla que pendia até à cinta, completava o seu visual um pau de marmeleiro que ele próprio descascara depois de cozido no forno e polira com cal apagada.
Naquele tempo era impensável para o homem deslocar-se a qualquer parte sem a arma a que mais facilmente tinha acesso. O pau era um precioso instrumento na defesa da integridade física perante as arremetidas dos cães ou a falsa fé de algum provocador ou arruaceiro.
Zé Rosa, à custa do exercício, celebrizou-se pela agilidade com que se defendia ou atacava, não permitindo a aproximação de qualquer contendor.
Com garbo e maestria enfileirou naquela espécie de círio que, anualmente, se deslocava à povoação do Prado sob o comando do Ti João da Tota e onde, à boa maneira das justas e torneios se exibiam todas as figuras do jogo do pau com que se celebrizou o Espinheiro nesta manifestação profana a S.Brás.
Nas conversas entre amigos se algum punha em destaque as qualidades de determinado jogador, Zé Rosa, invariavelmente, sem se considerar um super ego, judiciosamente profetizava:
-Não gabes o burro sem o meteres ao lameiro….
Completados os 87 anos, sentindo que a centelha da vida enfraquecia
esmorecendo-lhe o físico e o espírito, reavivou-se-lhe o mistério do final.
Chamou o filho e pediu-lhe que cumprisse a sua última vontade.
-Filho ,quando eu estiver amortalhado quero que ponhas o meu pau no caixão à minha mão direita.
Foi cumprido o seu desígnio e lá partiu preparado para qualquer surpresa na sua última viajem…
Fim
Sem comentários:
Enviar um comentário